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Manifestantes interrompem trabalhos na maior mina de carvão da Colômbia

Publicado: 24/05/2021 às 20:13

/Foto: Raúl Arboleda/AFP

/Foto: Raúl Arboleda/AFP

Cerrejón, a maior mina de carvão a céu aberto da América Latina, interrompeu suas operações no nordeste da Colômbia devido aos manifestantes que impedem a chegada de combustível ao complexo há quatro dias, informou a empresa em comunicado divulgado nesta segunda-feira (24). 

Em 5 de maio, em meio a protestos massivos contra o governo, fortemente reprimidos pela força pública, dezenas de ex-trabalhadores fecharam a passagem da linha férrea que abastece a mina, informou o boletim. 

Em resposta, Cerrejón contratou caminhões para trazer combustível por rodovia, mas em 20 de maio, moradores do município vizinho de Media Luna bloquearam a passagem de veículos, pedindo empregos. 

"A combinação desses dois bloqueios fez com que a empresa ficasse sem abastecimento de combustível", o que obrigou "a paralisar as operações por motivo de força maior", informou o complexo de minério, pertencente às multinacionais BHP Group, Anglo American e Glencore. 

O fechamento de estradas se tornou foco da discórdia entre o governo do conservador Iván Duque e o setor mais visível dos manifestantes, que estão em diálogo há mais de uma semana. 

Ao menos 58 bloqueios dificultam o fornecimento de suprimentos em algumas cidades colombianas em meio a grandes manifestações contra o governo que deixaram 43 mortos e mais de 1.700 feridos em quase um mês de protestos.

O governo tem se concentrado em dissipar os bloqueios à força. 

Já o chamado Comitê Nacional de Desemprego denuncia os excessos da força pública e pede sua retirada dos protestos. 

No dia 1º de dezembro, a Cerrejón reiniciou as atividades após três meses de paralisação devido a uma greve que desencadeou um plano da empresa de demitir dezenas de trabalhadores, com o objetivo de mitigar a baixa demanda associada à pandemia e a queda nos preços do carvão. 

Durante a greve, os trabalhadores uniram forças com lideranças sociais e indígenas do departamento de La Guajira, sede de operações da Cerrejón, que denunciaram problemas de saúde relacionados à contaminação proveniente da mina. 

As Nações Unidas aderiram às reivindicações ambientais, que também foram reconhecidas pelo Tribunal Constitucional da Colômbia.

La Guajira, onde está localizada a mina, é um departamento castigado pela miséria e pela fome. Nesse local, 65% da população não tem suas necessidades básicas atendidas, apesar de o setor de mineração e energia ser o principal motor das exportações colombianas.
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