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"Xiplomacia" ecoa apelo dos tempos nas reuniões da ONU

Publicado: 06/10/2020 às 10:00

/Foto aérea tirada em 15 de junho de 2020 mostra uma estação de energia fotovoltaica, um projeto de alívio da pobreza auxiliado pela cidade de Shenzhen, sul da China, no distrito autônomo de Taxkorgan Tajik, na Região Autônoma Uigur de Xinjiang, noroeste da China. Foto: Xinhua/Hu Huhu

/Foto aérea tirada em 15 de junho de 2020 mostra uma estação de energia fotovoltaica, um projeto de alívio da pobreza auxiliado pela cidade de Shenzhen, sul da China, no distrito autônomo de Taxkorgan Tajik, na Região Autônoma Uigur de Xinjiang, noroeste da China. Foto: Xinhua/Hu Huhu

Texto de autoria da Xinhua

Beijing, 3 out (Xinhua) - Com o mundo assolado por graves desafios como uma pandemia violenta, recessão contínua, aumento do isolacionismo e aumento do hegemonismo, uma série de reuniões recentes de alto nível da ONU representam as tentativas mais recentes do mundo para buscar um caminho adiante para a humanidade.

Em vários discursos proferidos na plataforma internacional mais importante, o presidente chinês Xi Jinping expôs sua abordagem para tratar dos problemas fundamentais da época e sua visão sobre a união de todas as nações que compartilham o planeta para construir um futuro compartilhado ainda melhor.

"A paz e o desenvolvimento continuam a ser a tendência dos tempos, e as pessoas de todos os lugares anseiam ainda mais fortemente pela paz, desenvolvimento e cooperação de benefício mútuo", disse Xi no debate geral da 75ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU). "A COVID-19 não será a última crise que a humanidade vai enfrentar, por isso devemos dar as mãos e estar preparados para enfrentar ainda mais os desafios globais."

O líder chinês uniu o mundo com um plano e uma visão de como trabalhar, disse Stephen Perry, presidente do Clube do Grupo 48 da Grã-Bretanha. "Ele é um farol de esperança em um momento sombrio do planeta. Espero que ele possa trazer outros líderes nacionais com ele e se concentrar em fazer o mundo funcionar corretamente."

MULTILATERALISMO COMO PRINCÍPIO FUNDAMENTAL

Em um momento histórico ocorrido há 75 anos, as Nações Unidas, o epítome do multilateralismo, foram estabelecidas após o flagelo de duas guerras mundiais para manter a paz duradoura e promover o desenvolvimento comum.

"Hoje, enfrentamos nosso próprio momento de 1945", disse o secretário-geral da ONU, Antônio Guterres, na abertura da 75ª AGNU, alertando sobre um novo impasse, já que o sistema multilateral, a base para a globalização e a integração, está exposto a grandes riscos e desafios, como retirada de tratados e práticas militares e econômicas de bullying.

Observando que os últimos 75 anos foram um período de rápido desenvolvimento do multilateralismo, Xi enfatizou na reunião de alto nível para comemorar o 75º aniversário das Nações Unidas que "os assuntos internacionais devem ser tratados por meio de consultas entre todos nós".

"Os problemas que o mundo enfrenta são grandes e muitos, e os desafios globais estão aumentando", disse o presidente chinês. "Eles devem e só podem ser resolvidos por meio do diálogo e da cooperação."
 
 
Esse compromisso com a consulta baseada na igualdade tem sido uma característica essencial do pensamento diplomático de Xi, agora amplamente conhecido como Xiplomacia. Desde que assumiu o cargo de presidente chinês em 2013, ele reiterou o princípio em várias ocasiões internacionais, defendendo firmemente o multilateralismo ao invés do unilateralismo e a cooperação de benefício mútuo ao invés do confronto de soma zero.

Em seu discurso histórico feito na AGNU cinco anos atrás, Xi destacou que todos os países são interdependentes e compartilham um futuro comum, e pediu esforços globais para "renovar nosso compromisso com os propósitos e princípios da Carta da ONU" e "construir um novo tipo de relações internacionais com cooperação de benefício mútuo".

Ao longo dos anos, a China demonstrou que não é apenas uma defensora, mas também uma praticante do multilateralismo, e defensora do sistema internacional centrado nas Nações Unidas. O conselheiro de Estado e ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, disse em um fórum recente que a China aderiu a quase todas as organizações intergovernamentais universais e convenções internacionais.

Chamando a China de "um pilar do multilateralismo", Guterres disse em uma entrevista recente à Xinhua que espera que a China "continue suas políticas proativas para fortalecer o trabalho global da ONU na manutenção da paz e segurança e no incentivo ao desenvolvimento sustentável".

DESENVOLVIMENTO COMUM COMO CHAVE DE OURO 

Por trás dos vários desafios que preocupam o mundo de hoje encontram-se diversos problemas de desenvolvimento, que só se tornaram mais agudos sob o contexto da pandemia da COVID-19 e seu impacto multidimensional.

"O assunto do desenvolvimento deve ser destacada no quadro macro global; e deve-se dar uma maior ênfase na promoção e proteção dos direitos de subsistência e desenvolvimento", disse Xi nas últimas reuniões da ONU.

A China está comprometida com um desenvolvimento pacífico, aberto, cooperativo e comum, reiterou Xi, ecoando suas declarações cinco anos atrás de que "o desenvolvimento de todos é um desenvolvimento verdadeiro, e o desenvolvimento sustentável é um bom desenvolvimento".

"Pretendemos criar, ao longo do tempo, um novo paradigma de desenvolvimento com a circulação doméstica como esteio e as circulações doméstica e internacional reforçando-se mutuamente", disse Xi. "Isso criará mais espaço para o desenvolvimento econômico da China e dará ímpeto à recuperação econômica global e ao crescimento."
 
 
Comentando sobre o surto do sentimento antiglobalização nos últimos anos, Xi alertou que "diante da globalização econômica, enfiar a cabeça no buraco como um avestruz ou tentar combater isto com a lança de Don Quixote vão contra a tendência da história".

Defendendo o desenvolvimento comum, a China lançou plataformas como a Iniciativa do Cinturão e Rota, a Exposição Internacional de Importação da China, e o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (BAII), que oferecem um 'forro de prata' em meio à recessão econômica global provocada pela pandemia.

Por exemplo, a Iniciativa do Cinturão e Rota, após sete anos de desenvolvimento constante, se tornou a maior plataforma mundial de cooperação internacional, e o BAII, proposto pela China, forneceu quase US$ 20 bilhões a 24 membros para financiar a construção de sua infraestrutura.

Testemunhando seu compromisso com um desenvolvimento inclusivo, a China obteve progresso significativo na promoção do desenvolvimento das mulheres. É reconhecido pela Organização Mundial da Saúde como um dos 10 países mais rápidos na promoção da saúde das mulher e criança. Nas reuniões da ONU, Xi pediu esforços conjuntos "para apoiar as mulheres e ajudá-las a viver suas vidas com todos os esforços".

Em termos da redução da pobreza, uma das principais prioridades na mente de Xi, a China está determinada a tirar da pobreza todos os residentes rurais que vivem abaixo da linha de pobreza atual dentro do prazo estabelecido, cumprindo 10 anos antes do previsto a meta de erradicação da pobreza estabelecida na Agenda para o Desenvolvimento Sustentável 2030.

Chamando a campanha de combate à pobreza da China de "uma estratégia inspiradora", Alicia Bárcena, secretária-executiva da Comissão Econômica da ONU para a América Latina e o Caribe, disse que a China tornou possível "uma aceleração da redução da pobreza em nível global".

FUTURO COMPARTILHADO COMO LUZ-GUIA

Em um mundo que Guterres disse ter "um superávit de desafios multilaterais e um déficit de soluções multilaterais", Xi pediu que todos os países superem as diferenças de nacionalidade, cultura e ideologia e se unam para construir um futuro compartilhado melhor para todos.

A visão de construir uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade, apresentada pela primeira vez à comunidade internacional em 2013, tornou-se o conceito principal da Xiplomacia e um tema constante das observações de Xi sobre as relações internacionais.

Enfatizando a importância do ecossistema para o futuro da humanidade, Xi sugeriu que todos os países "assumam nossa elevada responsabilidade por toda a civilização humana, ... equilibrem e coordenem o desenvolvimento econômico e a proteção ecológica e trabalhem juntos para construir um mundo próspero, limpo e belo".

Em uma demonstração clara de sua dedicação a essa visão, a China, o primeiro país a suportar o peso da pandemia da COVID-19 e também um dos primeiros a colocá-la sob controle efetivo, tem lutado ombro a ombro com a comunidade internacional contra o doença do coronavírus.

Reconhecendo que em uma pandemia ninguém está seguro até que todos estejam seguros, a China enviou equipes de especialistas médicos a 34 países para ajudar a prevenir e controlar a epidemia e forneceu ajuda a mais de 150 países e organizações internacionais.

No que diz respeito às mudanças climáticas, outro desafio que ameaça o futuro de toda a humanidade, Xi anunciou nas últimas reuniões da ONU que a China pretende atingir o pico de emissões de CO2 antes de 2030 e atingir a neutralidade do carbono antes de 2060.

"Não há dúvida de que os esforços da China desempenharão um papel importante na definição de como o resto do mundo progride na ação climática", disse Helen Clarkson, CEO do Grupo Climate, com sede em Londres, em uma entrevista à Xinhua. 
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