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Assinado acordo histórico entre a Itália e Grécia

Publicado em: 09/06/2020 19:01

Os chanceleres grego e italiano, respectivamente Nikos Dendias e Luidi Di Maio, assinaram nesta terça-feira (9), em Atenas, o acordo de delimitação marítima no mar Jônico, zonas econômicas exclusivas entre os dois países. Há anos o acordo estava para ser firmado entre a Grécia e a Itália e representava um entrave nas relações bilaterais. Segundo declaração do porta-voz do governo grego, Stelios Petsas, o documento é um evento extremamente importante e histórico por garantir às ilhas gregas jônicas uma zona econômica exclusiva, salvaguardando assim os direitos dos pescadores gregos. O ministro das Relações Exteriores italiano também expressou satisfação pelo fato de as questões de turismo terem sido resolvidas, aproveitando o ensejo para observar que as propostas da Comissão Europeia para resolução da crise econômica devido à pandemia estão indo na direção certa.

 

O acordo demorou a ser assinado, apesar de suas cláusulas estarem a muito tempo estipuladas, por causa de uma relutância transalpina, ou seja, por receio que desse lugar a uma proibição de pesca do camarão vermelho no mar Jônico por embarcações italianas.  Já o professor de Relações Internacionais da Universidade Panteão em Atenas, Kostas Ifantis, apontou que todos os detalhes já haviam sido acordados há muito tempo e agora que foi finalmente assinado será de primordial importância por servir de contrapeso às pretensões turcas, refletidas em especial no memorando entre a Turquia e a Líbia sobre a delimitação das jurisdições marítimas no Mar Mediterrâneo. "A Grécia demonstra que encontra respostas para as questões pendentes e que suas ações se baseiam em uma interpretação correta do direito internacional e não na perspectiva turca. O acordo estava bloqueado por causa de problemas com direitos de pesca dos pescadores italianos. Até agora, os italianos estavam renitentes em assinar o acordo de delimitação porque acreditavam que se a Grécia estendesse suas águas territoriais para 12 milhas náuticas, isso os impediria de pescar nas águas até 6 milhas náuticas", avaliou Ifantis.

 

Para o professor o Governo grego ainda não havia até o momento demonstrado real interesse em assinar o acordo e não se tem conhecimento o que teria mudado para que ambas as nações chegassem a uma definição de fato. “Ainda falta conhecer os detalhes. No entanto, tendo em conta a situação com a Turquia, a última coisa que nos deve interessar é saber onde os pescadores italianos estão pescando", acrescentou Ifantis.

 

A partir de agora, com o documento assinado, o principal problema da diplomacia grega é acelerar as negociações pendentes não só com a Albânia, mas, sobretudo, com o Egito, sobre os mares Jônico e Mediterrâneo. "Os albaneses provavelmente necessitam mais da Grécia do que a Turquia para aderir à União Europeia", comentou. Além disso, Kostas Ifantis menciona que a Turquia paralelamente está tentando jogar em antecipação, minando o processo, por temer que esteja iminente um acordo político com o Egito.


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