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/Foto: JANEK SKARZYNSKI / AFP
A poucos dias das eleições presidenciais na Polônia, a princípio programadas para domingo, mas ainda incertas, aumenta a pressão por um adiamento, devido à pandemia de coronavírus.
O governo conservador e nacionalista do partido Direito e Justiça (PiS) pretende obter na quinta-feira a autorização do Parlamento para uma votação por correio.
Como alguns parlamentares do próprio PiS, atentos à opinião pública, são contrários à medida, o resultado da votação é considerado incerto.
Apenas 25% dos eleitores desejam a manutenção do pleito em 10 de maio, de acordo com uma pesquisa de opinião recente.
Para os analistas, a votação por correio não seria livre, justa, legal, nem isenta de riscos para a saúde pública.
Pesquisas recentes apontam que o presidente Andrzej Duda, do PiS, poderia vencer no primeiro turno com mais de 50% dos votos, o que levaria a oposição a acusar o partido governante de colocar a saúde dos eleitores em risco para assegurar a vitória de seu candidato.
Alguns críticos apontam que votar por correio envolve um risco de contaminação, já que as cédulas devem ser transportadas, preenchidas e contadas manualmente.
Os poloneses estão confinados desde o fim de março, mas podem sair de casa para trabalhar, ou fazer compras. O país registra 14.000 casos de COVID-19, com quase 700 mortos, de uma população de 38 milhões de habitantes.
As restrições às atividades foram levemente flexibilizadas esta semana, com a reabertura de estabelecimentos comerciais e hotéis. Já as escolas permanecem fechadas, e o uso de máscaras é obrigatório.
Organizações internacionais que supervisionam os direitos humanos e as eleições destacaram que introduzir mudanças no código eleitoral pouco antes da votação seria inconstitucional.
Até a influente Igreja Católica, próxima ao PiS, pediu aos partidos políticos que "busquem soluções que não provoquem dúvidas legais, ou suspeitas de violação da ordem constitucional".
Analistas acreditam que, se o PiS for derrotado no Parlamento na quinta-feira, sua maioria, relativamente pequena mas sólida até o momento, pode sofrer um colapso.
E, mesmo em caso de vitória, "seria um milagre" organizar a votação por correio no domingo, destacou o presidente da Comissão Eleitoral Nacional, Sylwester Marciniak.
"É impossível, por razões de organização, entregar cédulas a todos os eleitores", disse.
Para a cientista política Anna Materska-Sosnowska, da Universidade de Varsóvia, o PiS, muito pressionado, pode "recuar e buscar uma data posterior".
Sem propor formalmente, o primeiro-ministro Mateusz Morawiecki citou a possibilidade de adiamento para 17 ou 23 de maio.
O PiS chegou a defender a ideia de uma reforma constitucional para ampliar o mandato de Duda por dois anos, mas não contava com a maioria qualificada necessária.
Morawiecki rejeitou os pedidos da oposição para introduzir um estado de emergência que adiaria as eleições presidenciais, automaticamente, até o fim da medida.
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