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Cientistas contestam estudo sobre a hidroxicloroquina publicado na revista Lancet

Publicado em: 29/05/2020 13:59

Inúmeros cientistas manifestaram e assinaram em carta aberta sua "preocupação" com a metodologia utilizada no recente estudo publicado na conceituada revista The Lancet sobre a hidroxicloroquina. As conclusões foram decisivas na medida tomada pela Organização Mundial de Saúde, que orientou a suspensão temporária dos ensaios clínicos e pesquisas sobre o medicamento em vários países.

 

O estudo da The Lancet  foi divulgado em 22 de maio e se baseou em dados de quase 96.000 pacientes internados entre dezembro e abril em 671 hospitais em todo o mundo e comparou a evolução daqueles que receberam esse tratamento e dos que não receberam. De acordo com a conclusão dos autores do documento a hidroxicloroquina não é apenas ineficiente, como ainda aumenta o risco de morte entre os pacientes com a Covid-19.

 

Tal impacto deste trabalho direcionou dezenas de pesquisadores em todo mundo a examinar minuciosamente a publicação, que expressaram na carta aberta que “esta revisão levantou preocupações sobre a metodologia e a integridade dos dados", na qual enfatizaram e detalharam uma extensa lista de pontos problemáticos, desde a recusa dos autores em dar acesso a informações de base à ausência de uma "revisão ética".

 

Por isso, devido à considerável preocupação após a meticulosa avaliação e análise do estudo que suscitou "entre pacientes e participantes" nos ensaios clínicos, os signatários da carta solicitam à OMS ou a outra entidade "independente e respeitada" a criação de um grupo para analisar independentemente as conclusões deste trabalho. Dentre os signatários desta carta aberta estão incluídos médicos e pesquisadores globais, de Harvard ao Imperial College London.

 

"Tenho sérias dúvidas sobre os benefícios de um tratamento com cloroquina/hidroxicloroquina contra a Covid-19, mas não podemos questionar a integridade de uma investigação apenas quando ela não coincide com nossas ideias pré-concebidas", disse no Twitter o doutor François Balloux, da University College de Londres. Outro signatário é, Philippe Parola, colaborador do médico francês Didier Raoult, que se destacou com sua promoção da hidroxicloroquina desde o começo da pandemia, tendo contribuído amplamente para popularizar a molécula, normalmente prescrita para tratar doenças como o lúpus.


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