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Atuação do Ministério das Relações Exteriores sofre duras críticas do Cebri

Publicado: 12/05/2020 às 14:18

O Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) publicou nota oficial na qual afirma que a gestão do Ministério das Relações Exteriores é um acumulado de erros recentes e atingiram agora um patamar de disfuncionalidade e de prejuízo ao país por seguir o caminho oposto do que seria natural durante a crise provocada pela Covid-19.

Para o presidente emérito do Cebri, Luiz Augusto de Castro Neves, que foi embaixador do Brasil na Argentina, Japão e China, entre outros países, além de ter sido secretário de Assuntos Estratégicos do Ministério das Relações Exteriores, a gestão do Ministério das Relações Exteriores, sob o comando de Ernesto Araújo, tende a levar o Brasil ao isolamento e à irrelevância perante a comunidade internacional. Aliás, Neves defendeu o comunicado do Cebri, que critica os rumos da política externa brasileira do presidente Jair Bolsonaro. "O que motivou a nota foi a disfuncionalidade crescente da política externa brasileira que está tendo como consequência à irrelevância da atuação internacional do governo brasileiro, o que é grave e altamente prejudicial aos interesses do país” apontou.

O presidente emérito do Cebri integra um dos 27 signatários do comunicado e em relação à nota destacou ainda que "em datas recentes o governo brasileiro, através do Itamaraty tem feito declarações gratuitas e inconsequentes, proferido votos e adotado posições que nos enfraquecem e isolam sem com isso, de forma alguma, fortalecer a defesa de nossos interesses".
 
Segundo o ex-embaixador, se acumulam as queixas e ressentimentos com posições do governo federal que se desviam de nossa longa tradição de cooperação construtiva com a sociedade internacional. “Tudo isso tem um preço que pode vir a nos ser cobrado quando mais precisamos de uma coisa que já tínhamos merecidamente conquistado e que era o mais amplo respeito da sociedade internacional que via no Brasil um parceiro amistoso, confiável e, acima de tudo, generoso”, acrescentou.

Castro Neves, além disso, assinalou que parece nítido a política externa brasileira estar sem rumo, "com algumas manifestações esparsas, grosseiras e inconsequentes". Também Presidente do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), o diplomata Luiz Augusto de Castro Neves não comentou diretamente sobre a questão como representante da entidade, mas o órgão lida com o maior parceiro comercial do Brasil, que já foi atacado recentemente por ministros e até pelos filhos de Bolsonaro. "Além das 'declarações gratuitas e inconsequentes', o Brasil tende à pior forma de isolamento, que é aquele decorrente da irrelevância de sua atuação em suas relações internacionais; acrescente-se a conduta errática de algumas autoridades em relação a países com os quais o Brasil tem parcerias estratégicas relevantes para o maior interesse nacional, que é o de promover seu desenvolvimento econômico e social", concluiu.

Recapitulando, na última sexta-feira, diversos ex-chanceleres brasileiros, inclusive o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, divulgou um manifesto em vários contra a atual situação do Itamaraty, que é associado mais ao alinhamento automático com os Estados Unidos e o negacionismo do que propriamente com o multilateralismo que sempre conduziu e regeu as ações da política externa do Brasil. Em resposta, o ministro Ernesto Araújo, por meio de suas redes sociais, atacou o manifesto e o comunicado do Cebri. Há pouco tempo Araújo foi ainda criticado por vincular e culpar a China pelo novo coronavírus, ao usar a palavra “comunavírus”, correlacionando à pandemia a uma suposta conspiração comunista.

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