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Relações internacionais

Pandemia pode abrir portas e melhorar a relação da OTAN com o bloco socialista

Publicado em: 07/04/2020 16:23

Colaboração Isabel Alvarez - Rio (RJ)
 
Com o avanço da pandemia do novo coronavírus no cenário global, a Rússia, ao que tudo indica, deixou de ser a principal preocupação para a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), aliança militar estabelecida desde a sua fundação para inibir a expansão do bloco socialista no continente europeu.
 
Para começar, o impacto da Covid-19 no panorama internacional já provocou mudanças nas estratégias bélicas e o cancelamento por alguns Governos de diversas expedições e remanejamento de soldados nas bases militares pelo mundo. Tudo isso em busca de prevenir o contágio de suas tropas e garantir melhores condições sanitárias. Além de convocar estes grupos das forças armadas para estarem de prontidão para também prestar ajuda à população em seus territórios.   

Segundo o professor e vice-diretor do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Yildirim Beyazit de Ancara, Turquia, Giray Sadik, a pandemia do novo coonavírus é, sem margem de dúvida, a maior ameaça da atualidade, extrapolando qualquer outra. “A Covid-19 é como um imã na situação de segurança global para todos, não só para a OTAN, a Rússia ou a China, mas para o mundo todo. A OTAN não está em guerra com a Rússia, agora todos estão centrados em combater o coronavírus", disse.

De acordo com Sadik, além da apreensão com a pandemia, os líderes globais estão se alinhando e se mobilizando para realizar planos para o mundo pós-Covid-19. Para o professor, depois que findar a pandemia, devem ocorrer mudanças fundamentais no mundo, incluindo o modo como se travam guerras. Entretanto, é provável que a OTAN "continue fazendo o que está acostumada, porque foi construída para isso", avalia.

Porém, no que diz respeito aos assuntos tradicionais da agenda de segurança internacional, entre os quais, Líbia, Ucrânia ou a Síria, as divergências e diferenças entre as principais potências militares permanecem. Sadik observa ainda que nas questões relacionadas à Líbia e a Síria, por exemplo, o posicionamento, mesmo entre países aliados, se mantém discordantes. Ele ressalta também que algumas nações apresentam relações mais compatíveis em certos pontos com a própria Rússia do que entre si. 

Mas o especialista aponta que no turbilhão da pandemia há bons indícios de que exista espaço e abertura para melhorar as relações entre a OTAN, a Rússia e a China. “Quando se trata de combater o novo coronavírus, Rússia, China e OTAN estão do mesmo lado. "Nós vemos que alguns canais diplomáticos estão sendo retomados. A Rússia está enviando ajuda para a Itália, enquanto muitos países europeus não o fizeram, apesar de serem membros da União Europeia e da OTAN. A Rússia também está enviando ajuda aos EUA. Isso se torna mais falado, fica em evidência. Isso é parte da diplomacia pública", conclui.
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