EPIDEMIA

Morre médico chinês que alertou sobre o coronavírus e foi perseguido pelo governo

Publicado em: 06/02/2020 19:15

Ele foi um dos primeiros profissionais de saúde que alertaram sobre o surto de coronavírus que estaria por vir na cidade de Wuhan (Foto: Li Wenliang/Reprodução )
Ele foi um dos primeiros profissionais de saúde que alertaram sobre o surto de coronavírus que estaria por vir na cidade de Wuhan (Foto: Li Wenliang/Reprodução )
Morreu, nesta quinta-feira (6), o médico chinês Li Wenliang aos 34 anos. Ele foi um dos primeiros profissionais de saúde que alertaram sobre o surto de coronavírus que estaria por vir na cidade de Wuhan, epicentro da pneumonia viral. 

O oftalmologista contraiu o vírus enquanto tratava de pacientes com a enfermidade no Hospital Central de Wuhan, onde também permaneceu internado. De acordo com o jornal People's Daily, diário do Comitê Central do Partido Comunista, a morte de Wenliang foi registrada às 2h58 do horário local (15h58 no horário de Brasília). 

Contradições 
Ao longo do dia, a imprensa chinesa mudou a versão sobre o estado de saúde do Wenliang. Segundo o site da BBC, que ouviu médicos e jornalistas locais, após o anúncio da morte, feito pelo jornal estatal Global Times, o governo chinês teria interferido, instruindo os veículos a alterarem as informações para afirmar que o médico ainda estaria internado, recebendo tratamento. 

Ainda segundo a BBC, as notícias sobre o estado de saúde do médico provacaram uma enorme onda de reação popular no Sina Weibo, o equivalente chinês do Twitter.

Herói nacional
Wenliang passou a ser tratado como herói nacional após se tornar alvo da polícia chinesa, que o acusou de espalhar "informações falsas" sobre o alerta do novo coronavírus. 

O médico foi obrigado a assinar um documento, de agentes do Escritório de Segurança Pública, era acusado de "divulgar informações falsas" que "causaram distúrbios graves à ordem social".

"Nós o alertamos solenemente: se você continuar sendo teimoso, com essa impertinência, e mantiver sua atividade ilegal, será levado à Justiça. Está entendido?". Abaixo, há uma declaração à mão de Li: "Sim, entendi".

No fim de janeiro, Wenliang publicou uma cópia da carta no site Weibo, relatando o ocorrido. As autoridades pediram desculpas ao oftalmologista, mas a retratação veio tarde demais.
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