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Crise

Chile paralisado após os protestos mais graves desde retorno da democracia

Por: AFP

Publicado em: 20/10/2019 13:32 | Atualizado em: 20/10/2019 13:40

Foto: AFP / Pablo Vera.
O Chile estava paralisado neste domingo (20), com praticamente todo o comércio fechado, voos suspensos e cancelados no aeroporto e quase nenhum público, após os protestos mais graves no país desde o retorno da democracia em 1990, que deixaram três mortos.

O centro de Santiago virou um cenário de destruição: semáforos no chão, ônibus queimados, lojas saqueadas e milhares de destroços nas ruas após os protestos iniciados na sexta-feira com o aumento do preço da passagem do metrô, uma notícia que foi o estopim para uma série de reivindicações sociais.

Apesar do toque de recolher ter sido decretado e da mobilização de quase 10 mil militares nas ruas, os distúrbios prosseguiram durante a madrugada em Santiago e outras cidades, como Valparaíso e Concepción, que também foram afetadas pela medida que restringe a movimentação.

Na capital do país, três pessoas morreram em um grande incêndio após o saque de um supermercado da rede Líder, um dos muitos alvos de ataques dos manifestantes nas últimas horas.

Os manifestantes também atacaram ônibus e estações do metrô. De acordo com o governo, 78 estações foram atingidas e algumas ficaram completamente destruídas. O prejuízo ao metrô de Santiago supera 300 milhões de dólares e algumas estações e linhas demorarão meses para voltar a funcionar, afirmou o presidente da companhia estatal, Louis de Grange.

Eixo do transporte público da capital chilena, com quase três milhões de passageiros por dia, o metrô sofreu uma "destruição brutal", afirmou declarou Grange.

Aos gritos de "basta de abusos" e com o lema que dominou as redes sociais "ChileAcordou", o país enfrenta críticas a um modelo econômico em que o acesso à saúde e à educação é praticamente privado, com elevada desigualdade social, valores de pensões reduzidos e alta do preço dos serviços básicos.

A manifestação não tem um líder definido nem uma lista precisa de demandas. Até o momento aparece como uma crítica generalizada a um sistema econômico neoliberal que, por trás do êxito aparente dos índices macroeconômicos, esconde um profundo descontentamento social.

As autoridades não divulgaram um balanço de detidos e feridos nos protestos, os mais violentos desde o retorno da democracia após o fim da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

Cidade paralisada e desolada

Os supermercados e shoppings anunciaram que permaneceriam fechados neste domingo (20), para evitar saques. O metrô está paralisado e quase não circulam ônibus pela cidade. Os táxis e os carros que são chamados por aplicativos para celulares - com tarifas muito acima do normal - eram praticamente a única forma de deslocamento na cidade de sete milhões de habitantes, que passou por dois dias de violência extrema.

No porto de Valparaíso, os bombeiros lutavam contra as chamas do incêndio que destruiu por completo um supermercado da cidade. "Estamos vivendo elevadíssimos níveis de delinquência e saques", afirmou Alberto Espina, ministro da Defesa.

O presidente Sebastián Piñera - que suspendeu no sábado (19) o aumento das passagens do metrô - se reunirá com os ministros neste domingo para abordar a situação. Protestos de tal magnitude eram inimagináveis há poucos dias, quando o próprio presidente afirmou que Chile era um "oásis" de tranquilidade na região.

A Câmara dos Deputados também convocou uma sessão especial para domingo. Universidades e escolas suspenderam as aulas nesta segunda-feira (21), mas os estudantes convocaram um novo dia de protestos.
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