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primeiro-ministro do Reino Unido

Boris Johnson cogita convocar eleições para tentar resolver impasse do brexit

Por: FolhaPress

Publicado em: 02/09/2019 15:02

Foto: Adrian Dennis/AFP
Em uma nova tentativa de resolver o impasse que se transformou a saída do Reino Unido da União Europeia, o premiê Boris Johnson cogita convocar uma nova eleição geral no país, segundo a imprensa britânica. O primeiro-ministro convocou uma reunião emergencial de governo nesta segunda-feira (2).
 
De acordo com a BBC, Boris pode pedir neste encontro que os parlamentares de seu partido votem por uma nova eleição geral caso eles se posicionem contra o governo na questão do brexit.
A saída da UE está atualmente marcada para acontecer no dia 31 de outubro, mas Londres e Bruxelas ainda não chegaram a um acordo de como deve ficar a relação entre eles após esta data. O brexit foi aprovado em um plebiscito em 2016, com 52% dos votos.
 
Boris foi eleito líder do Partido Conservador -e consequentemente primeiro-ministro- com a promessa de tirar o país do bloco no dia 31 mesmo que não exista um acordo.
 
O problema para ele é que a maior parte do Parlamento é contra essa opção e prefere adiar a saída caso não exista um entendimento entre as partes. Uma saída sem regras pode trazer efeitos perversos para a economia britânica.
 
Cabe ao Parlamento decidir sobre antecipar as eleições, mas Boris tem o poder de definir a data da votação. Com isso, poderia, em tese, marcá-la para depois de 31 de outubro, para um momento em que o brexit já teria ocorrido.
 
Membros do governo contrários à saída sem acordo negociam uma aliança com a oposição. Entre as ideias em debate, há a ideia de votar uma lei que proíba expressamente o premiê de fazer um brexit não pactuado com a UE. Outras propostas debatidas são adiar novamente a data de saída ou buscar uma moção de desconfiança, que levaria à queda do governo.
 
No entanto, há pouco tempo para isso. O Parlamento volta ao trabalho nesta terça-feira (3), após o recesso de verão. Na semana que vem, as atividades serão paralisadas, pois o premiê pediu uma suspensão de cinco semanas. Com isso, o trabalho será retomado só na segunda quinzena de outubro, a poucos dias da data do brexit.
 
Essa suspensão, apontada como estratégia para reduzir os debates, gerou diversos protestos no fim de semana no país.
 
%u200BBoris tem maioria no Parlamento de apenas uma cadeira. De acordo com a imprensa britânica, cerca de 20 membros de seu partido podem se rebelar.
 
O premiê ameaçou expulsar da legenda quem se posicionar contra ele. No entanto, o próprio Boris e vários de seus ministros fizeram algo semelhante este ano contra a sua antecessora no cargo, Theresa May.
 
"A estratégia [do governo], para ser honesto, é perder essa semana e então buscar uma nova eleição", disse David Gauke, ex-ministro da Justiça e um dos parlamentares rebeldes do Partido Conservador.
 
O porta-voz do governo negou que o premiê queira uma nova votação. Já o principal partido de oposição defendeu a ideia.
 
Nós queremos uma eleição geral", disse Jeremy Corbyn, líder dos trabalhistas. "Devemos permanecer juntos para parar a saída sem acordo. Esta semana pode ser nossa última chance", acrescentou.
 
O ex-premiê trabalhista Tony Blair apontou que a ideia pode ser uma armadilha. "Boris Johnson sabe que a proposta de brexit sem acordo pode falhar se permanecer sendo algo apenas dele, mas se isso se misturar com a questão de uma nova eleição ele pode conseguir [o brexit sem acordo], apesar da maioria ser contra, porque alguns podem temer mais a um governo de Corbyn", disse Blair.
 
Para os apostadores, é grande a chance de uma nova eleição em outubro. Na casa de apostas Ladbrokes, essa opção é considerada como provável por 75%.
 
Segundo uma pesquisa do Yougov feita após o anúncio de suspensão do Parlamento, os conservadores teriam 33% dos votos em uma eleição geral, contra 22% para os trabalhistas, 21% para os liberais-democratas e 12% para o Partido do Brexit.
 
Em condições normais, as eleições gerais no Reino Unido ocorrem a cada cinco anos. No entanto, elas podem ser antecipadas se houver apoio de dois terços dos membros do Parlamento.
A votação fora de época também pode ocorrer se for aprovada uma moção de desconfiança contra o premiê e, em 14 dias, não houver acordo para a formação de um novo governo.
 
A última eleição geral foi realizada em junho de 2017, de modo antecipado. A então premiê Theresa May esperava conquistar uma prova de apoio popular, mas seu governo acabou ficando com menos representantes do que tinha antes.
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