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Novas manifestações em Hong Kong apesar de advertências chinesas
Publicado: 02/08/2019 às 09:44

Philip Fong/AFP/
Os ativistas pró-democracia de Hong Kong se preparavam nesta sexta-feira (2) para novas manifestações, apesar das advertências da China contra um movimento cada vez mais radical que está há dois meses nas ruas.
Iniciado como oposição a um projeto de lei de Hong Kong - atualmente suspenso - que permitiria extradições para a China, o movimento de protesto se transformou em uma denúncia do retrocesso das liberdades na ex-colônia britânica, com a exigência de reformas democráticas.
As manifestações, globalmente pacíficas, provocam confrontos violentos cada vez mais frequentes entre participantes radicais e as forças de segurança.
O Executivo de Hong Kong, pró-Pequim, e o governo central elevaram o tom esta semana e abriram processos contra manifestantes detidos. Também ameaçaram implicitamente com uma resposta mais severa.
Nos próximos dias, estão previstas novas manifestações, a começar por um protesto de funcionários públicos, algo inédito para um setor conhecido tanto por sua eficácia como por seu conservadorismo e discrição.
As autoridades advertiram os funcionários públicos para o risco de demissão. "Qualquer ação que mine o princípio de neutralidade política do serviço público é inaceitável", afirmou o governo.
Profissionais da área da saúde também convocaram protestos, assim como funcionários de bancos e empresas de finanças. Passeatas não autorizadas estão previstas para sábado e domingo, assim como uma greve geral na segunda-feira.
Para aumentar a tensão, as autoridades anunciaram na quinta-feira a detenção de sete homens e uma mulher acusados de posse de explosivos.
Uma fonte policial afirmou que Andy Chan, fundador do partido independentista HKNP, atualmente proibido, está entre os detidos e que os agentes encontraram uma "bomba de gasolina".
O pequeno partido, o primeiro proibido em Hong Kong desde 1997, irritou o governo chinês por seu caráter independentista, apesar de ter poucos integrantes.
A proibição do HKNP e a expulsão posterior do correspondente do Financial Times no território foram vistos como símbolos do retrocesso das liberdades.
Em virtude do princípio "Um país, dois sistemas", pelo qual o Reino Unido cedeu Hong Kong à China, a cidade gozou até 2017 de liberdades desconhecidas no restante do país.
A revolta da população se deve às dificuldades econômicas, às desigualdades sociais cada vez maiores e ao sentimento de que a cidade perde identidade cultural por sua integração cada vez maior com a China.
Nos últimos fins de semana, os protestos terminaram em confrontos entre as forças de segurança e manifestantes.
As agressões a manifestantes no fim de julho por parte de supostos membros das tríades - grupos criminosos de origem chinesa que operam na China e em Hong Kong - deixaram 45 feridos.
Baseada em Hong Kong, a guarnição do Exército Popular de Libertação (APL) ameaçou os manifestantes em um vídeo divulgado esta semana, ao chamar a violência nos protestos de "absolutamente intolerável".
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