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Ministro da Defesa de Maduro diz que foi procurado pelos EUA

Publicado em: 03/05/2019 20:07

Foto: Luis Robayo/AFP (Foto: Luis Robayo/AFP)
Foto: Luis Robayo/AFP (Foto: Luis Robayo/AFP)
O ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, confirmou ontem (2) que recebeu uma oferta dos Estados Unidos para romper com o presidente Nicolás Maduro. Padrino foi apontado pelo assessor de Segurança Nacional John Bolton como um dos oficiais chavistas que teriam se comprometido com o líder opositor Juan Guaidó para derrubar o líder chavista. 

Na versão de Padrino, Washington lhe ofereceu dinheiro, o que ele teria negado. "Quiseram me comprar como se eu fosse um mercenário", disse. "Dá muita indignação que me tentem comprar com uma oferta da boca para fora."

Na quinta-feira, o líder opositor Leopoldo López, que fugiu da prisão domiciliar no dia 30 com o auxílio de dissidentes do serviço secreto, disse que "há semanas" negociava o apoio da cúpula militar à oposição. 

Ao cobrar os chavistas que, segundo os EUA, desistiram na última hora de romper com Maduro, Bolton nomeou publicamente Padrino, o general Iván Hernández, chefe de contra-inteligência, e o presidente do Tribunal Supremo de Justiça, Maikel Moreno, como dispostos a respaldar Guaidó. 

De acordo com o enviado especial dos Estados Unidos para a Venezuela, Elliot Abrams, chegou a ser negociado um documento de 15 páginas com garantias para os militares, com uma proposta de asilo para Maduro e a posse de Guaidó como interino. Padrino, Hernández e Moreno não negaram que receberam as ofertas e o ministro da Defesa foi o primeiro a falar sobre elas publicamente, reafirmando seu apoio a Maduro.

Segundo ao menos duas fontes que trabalharam na Casa Branca nas gestões de Barack Obama e Donald Trump, Padrino sempre foi visto como um ativo a ser cultivado dentro do governo chavista. Educado nos EUA, o general tem dois filhos com passaporte americano e já deu sinais de moderação contrários aos emitidos pelo resto da cúpula chavista. 

Em 2016, um associado do ministro, o general Jimmy Guzmán, se reuniu em Washington com membros do governo americano a pedido de Padrino. No encontro, Guzmán disse que o general estaria disposto a estabelecer comunicações com os Estados Unidos, depois da vitória da oposição nas eleições de 2015. 

O plano foi abortado por Washington depois que o homem-forte do chavismo, Diosdado Cabello, identificou dois exilados venezuelanos que intermediaram o encontro, denunciando uma suposta "tentativa de golpe".
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