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Parlamento britânico diante de possível terceira votação sobre o Brexit

Por: AFP

Publicado em: 14/03/2019 11:39

Foto: HO / AFP / PRU
O Parlamento já o rejeitou duas vezes por maioria esmagadora, mas a primeira-ministra britânica quer voltar à batalha com seu polêmico acordo de Brexit. E, nesta quinta-feira (14), coloca os parlamentares diante do dilema de uma terceira votação.

Em uma nova reviravolta na Câmara dos Comuns, Theresa May submete aos deputados uma moção propondo organizar, antes de 20 de março, uma terceira votação sobre o polêmico acordo de divórcio negociado com Bruxelas.

May explicou que, se o acordo for aprovado antes desse dia, pedirá aos líderes europeus um curto adiamento, até 30 de junho, para formalizar a saída da União Europeia. Inicialmente, esse ponto final estava previsto para 29 de março.

A data escolhida não é trivial. O dia 21 março marca o início de uma cúpula europeia de dois dias em Bruxelas que será novamente dominada pelo Brexit, em um momento em que os europeus procuram dar um novo impulso ao bloco e de frente para as eleições europeias em maio.

Trata-se de uma aparente tentativa de pressionar os eurocéticos ansiosos por deixarem o bloco, mas relutantes em fazê-lo nas condições atuais. May já advertiu que, se eles rejeitarem o acordo pela terceira vez, a extensão será muito maior e envolveria a organização das eleições europeias em maio.

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, advertiu nesta quinta que a Grã-Bretanha deve "repensar sua estratégia para o Brexit" e criar "um consenso em torno dele", se quiser uma "longa extensão" da UE.

O Parlamento britânico vive, assim, um terceiro dia consecutivo de votações cruciais, depois de rejeitar na terça o Tratado de Retirada negociado pelo governo com a UE e, na quarta, a possibilidade de um Brexit sem acordo.

- 'As razões e a duração' -
 
May já havia alertado os deputados no início desta semana que "votar contra um Brexit sem um acordo e em favor de uma extensão não resolve os problemas que enfrentamos".

"A UE vai querer saber qual uso faremos desta extensão", disse.

"Esta casa vai ter que responder a essa pergunta. Deseja revogar o artigo 50 (que ativa o processo de retirada de um país-membro do bloco), deseja organizar um segundo referendo, ou quer sair com um acordo, mas não com este acordo?", apontou.

Apesar de tudo, um Brexit sem acordo é vislumbrado com cada vez mais clareza.

Nesta perspectiva, parece provável que os parlamentares sejam favoráveis a pedir mais tempo para Bruxelas para tentar corrigir a situação, quase três anos após o referendo de junho de 2016 em que 52% dos britânicos votaram a favor do Brexit. 

Não está claro, porém, se estarão dispostos a votar pela terceira vez em um texto rejeitado duas vezes nos últimos dois meses: a primeira, por 432 votos a 202; a segunda, por 391 contra 242.

Em qualquer caso, os líderes dos outros 27 países do bloco alertaram que consideram uma extensão apenas se virem um propósito claro nisso, reiterando que, com as linhas vermelhas atuais de Londres, o único acordo possível já está negociado.
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