Segurança
Drone identifica e protege cetáceos no Mediterrâneo
Um "bip" é ouvido a intervalos regulares e depois acelera
Por: AFP
Publicado em: 17/08/2018 12:03
Um "bip" é ouvido a intervalos regulares e depois acelera. Diante de um computador, Hervé Glotin, pesquisador de bioacústica da Universidade de Toulon, não esconde a surpresa ao ouvir tão claramente, graças ao drone, o som da passagem de um cachalote.
O mamífero passa mais de 95% de seu tempo debaixo da água, a mais de 1.000 metros de profundidade, no escuro total. A análise acústica é a melhora maneira de conhecê-lo.
De modo geral, as gravações são feitas por boias colocadas nos oceanos ou por dispositivos instalados em grandes barcos. O problema é tais estudos acontecem em um ponto fixo e mudam o comportamento do animal.
O Sphyrna, controlado à distância, pode seguir os cachalotes durante horas nas profundidades e registrar sons com seus cinco microfones submarinos em um raio de 10 km e uma profundidade de 2.000 metros. Atua como um "explorador", destaca o cientista.
O drone, similar a uma canoa, é relativamente pequeno - 17 metros de comprimento e quatro de largura - e pesa pouco mais de uma tonelada graças ao casco de fibra de carbono. Também é muito estável graças a suas formas assimétricas, resume o homem que projetou o aparelho, Fabien de Varenne, diretor da "start-up" Sea Proven.
Todos estes elementos permitem que o drone silencioso, alimentado por painéis solares, não interfira nas gravações submarinas que pretendem estabelecer o número de espécimes na região.
"Calculamos uma densidade nesta área de entre 200 e 1.000. Graças a este estudo mais preciso, poderemos conhecer os locais por onde passam e os locais onde vão procurar comida", explica Glotin.
O número de cachalotes registrou queda em consequência da caça, mas também pelos choques com as embarcações, cada vez mais numerosas e mais rápidas.
"É muito difícil avaliar, mas calculamos de duas a quatro mortes por ano em colisões na costa francesa do Mediterrâneo. É muito", afirma o professor, que espera reduzir o número de vítimas com a mudança das rotas das balsas.
"Apesar de equipado com um sonar que permite perceber sons a uma distância de 30 a 40 km, o cetáceo o dirige para o fundo e não para a superfície", onde sobe a cada 50 minutos em média.
"Quando escuta o som de um motor na parte de trás de um barco, acredita que o silêncio na parte da frente da embarcação é um espaço seguro", afirma Glotin.
"Se não sentir que está seguro, não vai se reproduzir", teme o cientista. E na ausência de seu predador, outras espécies assumirão o controle, como a água-viva, que se alimenta das larvas dos peixes, o que seria uma notícia ruim para os pescadores".
Os primeiros resultados do estudo devem ser divulgados em setembro.
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