INTERNACIONAL

França pede que migrantes não voltem mais a Calais após confrontos

Violentos confrontos entre imigrantes afegãos e africanos deixaram na quinta-feira 18 feridos, entre eles quatro em estado grave, em Calais, cidade emblemática da crise migratória na França

Por: AFP

Publicado em: 02/02/2018 15:09


Um dia depois dos enfrentamentos entre imigrantes mais violentos registrados em Calais, o governo francês pediu nesta sexta-feira (2/2) às pessoas que quiserem cruzar para a Grã-Bretanha que não voltem a esta cidade portuária do norte da França.

Violentos confrontos entre imigrantes afegãos e africanos deixaram na quinta-feira 18 feridos, entre eles quatro em estado grave, em Calais, cidade  emblemática da crise migratória na França.

O ministro do Interior, Gérard Collomb, viajou à zona para se reunir com as autoridades "depois dos graves incidentes que ocorreram hoje (quinta)", indicou em sua conta no Twitter. "A mensagem que quero transmitir é que se quiserem ir para a Grã-Bretanha, não é para aqui que devem vir", insistiu.

No total, cinco imigrantes ficaram feridos por tiros, quatro deles muito gravemente, e deviam ser operados de urgência. O quinto teve que ser transferido à cidade de Lille (norte). Outros 12 feridos sofreram traumatismos e feridas menores pelo uso de armas brancas em algumas situações desta briga que começou quando dividiam a comida, informou uma fonte judicial.

Uma pessoa foi atropelada por um carro. Além disso, dois policiais ficaram levemente feridos. Calais sofreu um "nível de violência nunca visto", declarou ainda Collomb. "O que vivem os moradores de Calais é insuportável", completou. 

O "prognóstico de vida é reservado" para quatro dos feridos por tiros, jovens de entre 16 e 18 anos da Eritreia, disse à AFP uma fonte da Procuradoria local. Este é o balanço mais grave desde 1º de julho de 2017, quando as brigas entre diferentes grupos étnicos deixaram 16 feridos, incluindo um gravemente.

Em termos de vítimas, "voltamos a uma situação que é muito similar a de 2015", ano em que se criou o campo conhecido como "Selva", desmantelado em outubro de 2016, comentou uma fonte judicial. No entanto, "nem todos os dias são iguais em termos de violência", acrescentou a mesma fonte.

Alguns destes confrontos surgiram por acerto de contas entre grupos de traficantes afegãos. Atualmente, cerca de 800 imigrantes vivem em condições muito difíceis em Calais, segundo as associações na área. A Prefeitura estabeleceu sua última cifra entre 550 e 600. A maioria é originária de Etiópia, Eritreia e Afeganistão.

O presidente francês, Emmanuel Macron, prometeu em meados de janeiro durante um discurso em Calais que "em nenhum caso" deixará que se forme novamente uma "Selva" nesse porto, se referindo ao enorme campo informal de mais de 8.000 migrantes. "Está sendo feito todo o necessário para que a passagem ilegal em Calais (para o Reino Unido) seja impossível", acrescentou Macron neste porto de onde se cruza o Canal da Mancha.
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