Bangladesh Primeiro mês de violência em Mianmar deixou 6.700 rohingyas mortos A investigação da MSF estabeleceu que 69% das vítimas foram assassinadas a tiros, 9% queimadas vivas e 5% com agressões

Por: AFP - Agence France-Presse

Publicado em: 14/12/2017 08:17 Atualizado em:

Mais de 640.000 rohingyas se refugiaram em Bangladesh para fugir da repressão.Foto: K M ASAD/AFP
Mais de 640.000 rohingyas se refugiaram em Bangladesh para fugir da repressão.Foto: K M ASAD/AFP
Ao menos 6.700 muçulmanos rohingyas morreram no primeiro mês - iniciado em agosto - de repressão do exército de Mianmar contra os rebeldes no estado de Rakhine, oeste do país, anunciou a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF).

"Pelo menos 6.700 rohingyas, segundo as estimativas mais conservadoras, morreram, incluindo 730 crianças de menos de cinco anos", afirmou a ONG, que obteve os dados com os refugiados em Bangladesh.

"O número de mortes está subestimado", declarou o médico Sidney Wong, diretor da MSF, que entrevistou mais de 11.000 refugiados em Bangladesh.

Mais de 640.000 rohingyas se refugiaram em Bangladesh desde o fim de agosto para fugir da repressão, classificada como "limpeza étnica" pela ONU.

Até o momento, as Forças Armadas birmanesas registravam a morte de 400 "terroristas", que segundo o governo de Mianmar foram responsáveis por desencadear a violência no fim agosto.

A investigação da MSF envolve apenas o primeiro mês de violência, mas o êxodo rohingya continua e as pessoas em fuga afirmam que sofreram violências nas últimas semanas, indicou a organização humanitária.

"Nós ouvimos as pessoas que contaram que famílias inteiras morreram presas em suas casas incendiadas pelos militares", afirmou Wong.

A investigação da MSF estabeleceu que 69% das vítimas foram assassinadas a tiros, 9% queimadas vivas e 5% com agressões.

A campanha de repressão do exército birmanês começou em 25 de agosto, após o ataque a vários postos na fronteira por parte do grupo rebelde Exército de Salvação dos Rohingyas de Arakan (ARSA).