Diario de Pernambuco
Busca
Internacional UE teme impacto de decisão de Trump sobre Irã em pressão sobre Coreia Os europeus temem o impacto da decisão de Trump em suas ações para frear a Coreia do Norte

Publicado em: 16/10/2017 15:25 Atualizado em:

Os chanceleres europeus manifestaram nesta segunda-feira (16) sua preocupação com o questionamento por parte do presidente americano, Donald Trump, do acordo nuclear com o Irã, advertindo que pode afetar as ações internacionais contra o programa nuclear norte-coreano.

"As mensagens sobre o acordo com o Irã poderiam afetar negativamente a possibilidade de abrir negociações ou abrir inclusive espaço para negociações com a Coreia do Norte'", afirmou em entrevista coletiva a chefe da diplomacia do bloco, Federica Mogherini, durante uma uma reunião de ministros em Luxemburgo.

O Irã e as potências do P5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha) firmaram em 2015 um acordo que previa a suspensão progressiva das sanções em troca da garantia de que Teerã não desenvolveria a bomba atômica.

Federica foi mediadora desse acordo.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou que, até o momento, o governo iraniano vem cumprindo seus compromissos. Ainda assim, Trump anunciou na sexta-feira que não ratificaria o acordo e deixou em aberto a ameaça de se retirar a qualquer momento.

E, nesta segunda-feira, Trump afirmou que o fim do acordo nuclear com o Irã é "uma possibilidade real", acrescentando que uma nova fase começa e que pode ser "muito positiva".

"Veremos o que acontecerá", disse ele por ocasião de uma reunião na presença de todos os membros de seu governo na Casa Branca.

França, Alemanha e Reino Unido reiteraram pouco depois seu compromisso com este pacto negociado durante mais de uma década, que representa um acordo "importante na luta contra a proliferação" nuclear, nas palavras do chanceler francês, Jean-Yves Le Drian.

Mogherini, que figurou recentemente entre os candidatos ao Nobel da Paz por seu trabalho como mediadora durante este acordo, anunciou que viajará "no início de novembro" a Washington para convencer os congressistas de não acabar com este pacto histórico.

"Se este compromisso não for respeitado, como iremos persuadir a Coreia do Norte para encontrar uma solução?", questionou o chanceler de Luxemburgo, Jean Asselborn.

Os europeus temem o impacto da decisão de Trump em suas ações para frear a Coreia do Norte. Neste sentido, a União Europeia adotou, nesta segunda-feira, novas sanções contra Pyongyang, diante da "persistência da ameaça que representa para a paz e para a estabilidade internacionais" por seu programa nuclear e balístico.

"O Conselho da UE adotou novas medidas autônomas da UE para continuar aumentando a pressão sobre este país", entre elas a proibição de investimentos europeus em todos os setores da economia norte-coreana, assim como da venda de produtos petrolíferos refinados e de petróleo, detalhou a instituição.

Os europeus desejam enviar uma mensagem "de grande firmeza (...) para trazer a Coreia do Norte de volta à mesa de negociações e forçá-la a respeitar suas obrigações" em termos de desnuclearização, ressaltou o chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian.

Essas sanções são complementares àquelas decididas em setembro pelo Conselho de Segurança da ONU em resposta a um novo teste nuclear norte-coreano. Estas já haviam sido aplicadas pelos europeus, especialmente contra suas principais exportações, como carvão, ferro e pescado.

Apesar de não estar na agenda, os chanceleres europeus também discutiram nesta segunda a situação na Venezuela, um dia após as eleições para governadores vencidas pelo oficialismo em 17 das 23 regiões, resultados não reconhecidos pela oposição.

Federica Mogherini ressaltou durante a reunião que os resultados são "surpreendentes", razão pela qual vê como necessário "averiguar o que aconteceu de verdade".