Detenção Três jornalistas são presos após entrarem em penitenciária na Venezuela Equipes entraram na unidade prisional com cinegrafistas para fazer reportagem e foram detidas

Por: AFP - Agence France-Presse

Publicado em: 08/10/2017 11:02 Atualizado em:

Três jornalistas, um italiano, um suíço e um venezuelano, foram presos depois de entrarem em uma perigosa penitenciária venezuelana para realizar uma reportagem, denunciaram no sábado (7) organizações de imprensa e de defesa dos direitos humanos. O italiano Roberto Di Matteo e o suíço Filippo Rossi, bem como o venezuelano Jesús Medina, foram presos depois de entrarem com suas equipes de filmagem na penitenciária de Tocorón, no norte do estado de Aragua, de acordo com a ONG Foro Penal. Rossi, inicialmente apresentado como um cidadão italiano, é na verdade suíço, segundo a imprensa deste país.

Um porta-voz do ministério das Relações Exteriores da Suíça confirmou a detenção de um de seus cidadãos, acrescentando que sua embaixada em Caracas "está em contato com as autoridades competentes e auxilia o compatriota no âmbito da proteção consular". Já o ministério italiano das Relações Exteriores afirmou que sua embaixada na Venezuela "acompanha desde o início o caso da prisão do cidadão italiano Roberto Di Matteo e está em contato com as autoridades locais".

Os três jornalistas "estavam na prisão de Tocorón (...) produzindo uma investigação jornalística quando foram detidos", indicou o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa (SNTP). As organizações de imprensa não especificaram para quais meios os jornalistas estrangeiros trabalham, enquanto que Medina é um fotojornalista do portal DolarToday, opositor ao governo de Nicolás Maduro. Uma imagem dos jornalistas algemados com dois militares foi transmitida pelo sindicato. Foram confiscados telefones celulares e câmeras.

Porta-vozes do sindicato disseram à AFP que os jornalistas "estão bem, sem indicações de maus-tratos". "Eles receberam um convite para entrar em Tocorón. Estavam se registrando na entrada quando tiveram o acesso negado e receberam a ordem de detenção. Ao que parece, houve uma contra-ordem para impedir sua entrada", segundo o sindicato. Alfredo Romero, diretor do Foro Penal, afirmou que advogados da ONG foram para Tocorón - cerca de duas horas de Caracas - para ajudá-los. "Eles estão detidos desde sexta-feira em um destacamento da Guarda Nacional", disse ele.

De acordo com o sindicato, foram detidos por funcionários do ministério Penitenciário e colocados sob ordem judicial. Eles serão apresentados nas próximas horas ante à Justiça. Várias organizações não governamentais denunciaram a superlotação e desnutrição em centros de detenção venezuelanos. A ONG Una Ventana a La Libertad estimou em 2016 que as prisões venezuelanas abrigavam 88.000 presos, quando sua capacidade é de apenas 35.000. Desde julho de 2011, o governo lançou um plano para readequar as penitenciárias. Segundo as autoridades, 98% das 50 prisões na Venezuela funcionam sob o novo regime.