Com a aprovação do referendo pela independência da Catalunha, brasileiros e outros imigrantes relatam dificuldades em manter-se no local sem o vínculo com a União Europeia. Embora a separação ainda não tenha sido de fato oficializada, também tem sido vista a intensa movimentação de empresários locais e a tensão social, que já mostram como será o desenrolar dos próximos acontecimentos.

Após uma semana marcada por greves, protestos e intensas mudanças na Catalunha, na próxima segunda-feira (9), um novo futuro será decidido. No viés da economia, poucas são as expectativas já que desde o início da semana várias empresas se posicionaram sobre o assunto. Ainda na quarta-feira (4), a Bolsa de Madri abaixou 10 mil pontos, levantando "preocupações máximas" de grandes empresas. Na quinta-feira (5), a Standard & Poor's colocou os ratings B+/B da região autônoma da Catalunha em observação para possível rebaixamento. 

Para a população local as dúvidas são imensas. As medidas não têm efeito imediato sobre os empregos nem os ativos das empresas, mas são vistas como um revés para o governo catalão. No caso da brasileira Jane de Paula, residente na Catalunha, a situação aos poucos está piorando. "Meu banco mesmo vai embora da Catalunha, e não apenas ela como outras empresas também. Meus documentos não vão ter validade em outros estados, sendo assim, estou 'presa' aqui", desabafa. 

Na manhã desta sexta-feira (6), O governo da Espanha aprovou um decreto que facilitará que as companhias na Catalunha mudem seu local de registro oficial para fora da região. A medida permitirá a realocação do CaixaBank, terceiro maior banco em ativos da Espanha, antes da próxima semana, quando autoridades separatistas na Catalunha desejam declarar a independência. O conselho do CaixaBank deve se reunir hoje para discutir o assunto.

Pelo menos seis companhias, incluindo Banco de Sabadell, já realocaram suas sedes ou concordaram em fazer isso, por temerem que os distúrbios políticos prejudiquem os negócios. "Aqui o trabalho ficará difícil e não poderei trabalhar fora como fazia antes", comenta Jane. 

O ministro da Economia espanhol, Luis de Guindos, afirmou que as mudanças são resultado "de uma política irresponsável que causa apreensão na comunidade empresarial". O governo central da Espanha pediu ainda a volta ao diálogo com o Parlamento da Catalunha, para contornar a crise.

(Com informações do AE)