Tragédia Homem que escapou do massacre era vizinho do atirador no hotel O quarto de Rodríguez era exatamente o de cima de onde o atirador, Stephen Paddock, matou 59 pessoas com armas automáticas antes de se suicidar

Por: AFP - Agence France-Presse

Publicado em: 02/10/2017 20:37 Atualizado em:

Após escapar do horror do massacre em Las Vegas, Ralph Rodríguez voltou ao seu hotel e descobriu que o atirador do ataque mais mortífero da história moderna dos Estados Unidos era seu vizinho no hotel. Rodríguez estava no show de Jason Aldean, que encerrava o festival de música country ao ar livre, quando começaram as rajadas de balas. Este consultor de tecnologia da informação lembra claramente do momento em que as pessoas perceberam que os tiros vinham de um prédio: o 32º andar do hotel Mandalay Bay, onde também estava hospedado.

O quarto de Rodríguez era exatamente o de cima de onde o atirador, Stephen Paddock, matou 59 pessoas com armas automáticas antes de se suicidar. "Ele estava no 32º andar, no 134, e eu no 33º, também no 134", disse Rodríguez à AFP no lobby do hotel. A polícia isolou o quatro de Paddock, facilmente identificável porque o homem quebrou as vidraças para poder atirar com seu arsenal. Além dos 59 mortos, o ataque deixou 527 feridos.

Rodríguez, de Pomona Valley, na região de Los Angeles, estava com um grupo de cerca de dez amigos (todos escaparam ilesos) assistindo ao show de Jason Aldean quando o horror começou. "Ele (Aldean) tinha cantado duas ou três músicas quando escutamos o que parecia ser fogos de artifício". Pouca gente pensou que podiam ser tiros. "Mas a coisa continuou. A banda parou e as pessoas começaram a correr em pânico. Foi uma experiência horrível, mas todos se ajudaram. As pessoas não protegiam apenas seus entes queridos, mas também desconhecidos: vi gente carregando crianças que não eram suas, outras empurravam cadeiras de rodas. Faziam o que podiam". "O grande problema é que não sabiam de onde vinham os tiros. Corríamos mas não sabíamos exatamente para onde correr. Era incrivelmente caótico".

Oficiais da polícia finalmente dirigiram o público para uma saída e "terminamos em uma esquina, onde pulamos uma cerca de 10 pés (3 metros), usamos barreiras metálicas como escada e começamos a passar as pessoas de um lado para o outro". Enquanto fugia, Rodríguez viu pessoas caídas. "Não sabíamos se haviam tropeçado ou estavam baleadas, mas algumas sangravam". "Não sabíamos a causa, não havia tempo para perguntar. Apenas dizíamos: se consegue levantar, vamos embora'". Quando finalmente chegou ao seu quarto de hotel, Rodríguez percebeu que o responsável pelo massacre estava hospedado logo abaixo. "Hoje quando sopra o vento suas persianas batem na minha janela, isto é muito louco".