Farcs Francisco exige 'verdade' e 'justiça' para vítimas de conflito na Colômbia O Papa Francisco exigiu nesta sexta-feira "verdade" e "justiça" para as milhões de vítimas do longo e sangrento conflito colombiano.

Por: AFP - Agence France-Presse

Publicado em: 08/09/2017 20:54 Atualizado em:

Em um emotivo encontro com vítimas e algozes arrependidos na cidade de Villavicencio, na Colômbia, o Papa afirmou que "resulta indispensável também assumir a verdade (...). A verdade é uma companheira inseparável da justiça e da misericórdia. Juntas são essenciais para se construir a paz".

O conflito na Colômbia deixou cerca de 7,5 milhões de mortos, feridos e deslocados, e envolveu guerrilheiros, paramilitares, agentes do estado e narcotraficantes.
Francisco liderou em um parque de Villavicencio um colorido e emotivo ato que reuniu milhares de pessoas.

Sobre um enorme palco, o Papa visivelmente emocionado ouviu testemunhos de vítimas e combatentes sob a imagem do Cristo de Bojayá, mutilada durante o massacre de 79 civis que protegiam uma igreja de combates entre as Farc e paramilitares.

Entre as vítimas ouvidas por Francisco estava Pastora Mira García, que perdeu o marido e seus dois filhos em diferentes fatos de violência.

"Agora coloco esta dor e o sofrimento das milhares de vítimas da Colômbia aos pés do Jesus Crucificado, para que (...) seja transformado em benção e em capacidade de perdão para romper o ciclo de violência das últimas cinco décadas", disse o Papa à Pastora.
Francisco também ouviu os testemunhos de Juan Carlos Murcia, que em seus 12 anos nas Farc perdeu a mão esquerda ao manipular explosivos, e de Deisy Sánchez, recrutada pelas Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), o principal grupo paramilitar do país, dissolvido em 2006.

A questão da verdade e da justiça é uma das mais espinhosas do pós-conflito. O acordo com as Farc prevê que os responsáveis por crimes atrozes, incluindo agentes do Estado, evitem a prisão mediante a confissão de seus crimes, reparação das vítimas e promessa de nunca mais praticar a violência.

O pacto é rejeitado por amplos setores, que o consideram indulgente com os rebeldes comunista.