denúncia ONU acusa Venezuela de tortura e maus-tratos a manifestantes e detidos O documento cita a Guarda Nacional Bolivariana, a Polícia Nacional e as polícias locais

Publicado em: 08/08/2017 13:56 Atualizado em:

As forças de segurança da Venezuela praticaram "maus-tratos" e "torturaram", de forma "generalizada e sistemática", pelo menos 5 mil manifestantes e detidos, denunciou a Organização das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira (8).

O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos apresentou um relatório preliminar sobre a situação na Venezuela, a partir de 135 entrevistas com testemunhas realizadas à distância – a partir da Suíça e do Panamá – diante da recusa do Governo venezuelano em acesso ao país.

As partir das entrevistas, as primeiras feitas à distância pela ONU, fica evidente que desde que começou a onda de protestos, em abril, a Venezuela aplicou um "padrão claro" de uso excessivo de força contra os manifestantes da oposição.

O documento cita a Guarda Nacional Bolivariana, a Polícia Nacional e as polícias locais.

"Milhares de pessoas foram detidas arbitrariamente, muitas delas foram vítimas de maus tratos e inclusive de torturas. E não há indícios de que essa atuação vá acabar", denunciou em um comunicado o comissário para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein.

"A responsabilidade das violações de direitos humanos que estamos registrando se referem aos mais altos níveis do governo", disse Al Hussein.

Violência

Os entrevistados – vítimas, doutores, advogados, jornalistas e paramédicos – relataram como as forças de segurança dispararam, sem aviso prévio, gases de efeito lacrimogêneo contra os manifestantes.

Várias pessoas entrevistadas afirmaram que cartuchos de gás lacrimogêneo foram disparados a curta distância e que a polícia usou como munição bolas de gude, porcas e parafusos.