G20 Batalha com Trump sobre o clima, acordo sobre o comércio O encontro entre as 20 maiores potências do mundo acontece em Hamburgo sob um clima de tesão e incertezas.

Publicado em: 08/07/2017 11:26 Atualizado em:

O presidente americano Donald Trump batalhava neste sábado (8) no G20 com outros líderes mundiais sobre a questão climática, enquanto um compromisso foi encontrado sobre outro assunto polêmico, o protecionismo comercial.

A reunião de dois dias das vinte maiores economias do mundo termina esta tarde em Hamburgo, na Alemanha, em um ambiente de tensão, com manifestações violentas pela cidade. Os protestos já deixaram dezenas de feridos e extensos prejuízos materiais.

Em matéria comercial, o presidente dos Estados Unidos preocupa há meses os seus parceiros com suas pressões protecionistas, seu slogan a "América em primeiro lugar" e as ameaças de impostos contra a China ou a Europa.

Protecionismo

Na cúpula, um compromisso entre a condenação do protecionismo e o direito de se defender foi encontrado com Washington, segundo uma fonte europeia. Desta forma, a declaração final da cúpula deverá condenar explicitamente o "protecionismo", voltando à tradição do G20 que repete há anos esse refrão.

Os Estados Unidos foram muito relutantes. Recusaram-se a fazê-lo em uma reunião de ministros das Finanças do G20 em março, antes de aceitarem na cúpula do G7 em maio, com a diferença notável que a China, gigante comercial que preocupa Washington, não se senta no G7.

Washington obteve uma concessão em troca de seu apoio a esta fórmula: a declaração final vai reconhecer o direito dos países de usar "instrumentos de defesa comercial", segundo a fonte.
Tratou-se de "encontrar um terreno comum no sistema existente", explicou o negociador.

Esta é a primeira vez na história do G20 que o recurso a tais "instrumentos de defesa comercial" é mencionado. Os Estados Unidos não são os únicos satisfeitos. Vários países europeus, em particular, desejam ser capazes de se defender no futuro de forma mais eficaz do dumping, principalmente da China.

O presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu a sua luta travada a nível europeu, em favor de uma "Europa que protege".

Em relação ao clima, o G20 tomará nota da saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris sobre a luta contra o aquecimento global, e do isolamento do país sobre a questão: todos os outros países consideram este acordo internacional como "irreversível", de acordo com um rascunho do texto.

Mas a questão é saber se Washington vai ter sucesso em adicionar uma frase confirmando o seu desejo de desenvolver um uso mais "limpo" dos combustíveis fósseis, como o gás de xisto, contra a corrente do objetivo de uma economia menos intensiva em carbono.

Este elemento da declaração final continua a ser muito discutido e caberá a Donald Trump convencer seus colegas, uma vez que seus conselheiros não obtiveram sucesso. "Isso não é algo que nós apreciamos", disse a fonte europeia.

'Descalabro'

Este G20 foi marcado especialmente pelo primeiro encontro entre Donald Trump e o presidente russo Vladimir Putin, descrito neste sábado pelo americano como "tremendo".

Um dia antes, seu secretário de Estado, Rex Tillerson, afirmou que os dois líderes haviam discutido intensamente as acusações de ingerência política de Moscou nos Estados Unidos.

Donald Trump também criou um certo mal estar entre os europeus ao prometer neste sábado um acordo comercial "muito, muito rapidamente" com a Grã-Bretanha, enquanto, em princípio, Londres só terá direito a concluir um tratado neste nível após sua saída definitiva da UE.

Esta cúpula será lembrada como uma das mais tensas da história, tanto nas salas de reunião como nas ruas. Os manifestantes anti-G20 continuavam a protestar neste sábado nas ruas de Hamburgo após os violentos confrontos registrados desde quinta-feira entre manifestantes e a polícia.

Segundo as autoridades, cerca de 200 policiais ficaram levemente feridos.
Algumas áreas da cidade oferecem um cenário de devastação, com carros carbonizados e restos de barricadas.

Donald Trump felicitou Angela Merkel, que preside o G20, por seu tremendo trabalho, apesar dos protestos. A chanceler alemã, no entanto, tem sido alvo de duras críticas em seu país, onde é acusada de ter organizado uma reunião de cúpula no centro da cidade.

"Em Hamburgo, o Estado falhou", afirmava neste sábado o jornal alemão Bild, "este descalabro é também o seu fracasso".