Conflitos Tunísia envia Exército para proteger produção de petróleo e fosfato de protestos Nesta quarta-feira, a polícia usou gás lacrimogêneo contra os manifestantes, após um vendedor tentar atear fogo em seu próprio corpo

Por: AE

Publicado em: 10/05/2017 20:02 Atualizado em:

O presidente da Tunísia, Beji Caid Essebsi, enviou o Exército para proteger a produção de petróleo e fosfato, em meio a crescentes protestos contra o desemprego e a corrupção no país. Nesta quarta-feira, a polícia usou gás lacrimogêneo contra os manifestantes, após um vendedor tentar atear fogo em seu próprio corpo.

O vendedor ambulante recebia tratamento das queimaduras após as tensões em Tebourba, segundo a agência de notícias TAP. Embora o incidente pareça ter sido rapidamente contido, o episódio lembrou o ato desesperado que detonou a revolução de 2010 e 2011 na Tunísia e o subsequente levante da Primavera Árabe.

Essebsi adotou a pouco usual medida de enviar o Exército, anunciando em Túnis que "o Estado precisa proteger os recursos do povo", após protestos em províncias pobres nas últimas semanas. Manifestações bloquearam rodovias e o quadro levou a uma paralisação na produção de petróleo e fosfato no país.

O presidente disse que a decisão "grave, mas necessária" foi tomada em reunião do governo. Ele insistiu que o povo é livre para se manifestar, mas "dentro do âmbito da lei".

Após ataques extremistas e a violência política dos últimos anos a Tunísia enfrenta um estado de emergência prolongado que permite a autoridades tomar medidas como o envio do Exército para garantir a segurança. "O processo democrático na Tunísia está seriamente ameaçado", afirmou o presidente. Ele argumentou que a economia tunisiana perdeu 5 bilhões de dinares (US$ 2 bilhões) por causa das paralisações das minas de fosfato, o que piorou a dívida do governo.

Os manifestantes mostram-se desesperados por oportunidades de trabalho e melhores condições de vida, em áreas afetadas pela pobreza em comparação com cidades costeiras mais ricas. Também mostram ceticismo quanto ao plano de reconciliação do governo, o qual permite que magnatas acusados de corrupção no regime do presidente deposto Zine El Abidine Ben Ali retomem atividades empresariais, em troca do pagamento de uma indenização.