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TRAGÉDIA
ONU denuncia 'crimes de guerra' na síria após ataque 'químico'
Ao menos 72 pessoas morreram, incluindo 20 crianças, de acordo com um balanço atualizado divulgado nesta quarta-feira pelo Observatório Sírio dos Direitos Humano
Publicado: 05/04/2017 às 09:42
O suposto ataque químico que matou pelo menos 72 civis em uma cidade rebelde do noroeste da Síria demonstra que os "crimes de guerra" continuam sendo cometidos no país, afirmou nesta quarta-feira o secretário-geral da ONU, António Guterres.
"Os horríveis acontecimentos de ontem (terça-feira) demonstram, infelizmente, que os crimes de guerra continuam na Síria e que o direito internacional humanitário é violado frequentemente", disse Guterres ao chegar a Bruxelas, onde acontece uma conferência sobre o conflito sírio.
A oposição síria foi a primeira a acusar o "regime criminoso" de Bashar al-Assad de ter executado o ataque com "obuses" que continham "gás tóxico", acusações negadas por Damasco.
Estados Unidos, Reino Unido e França também acusaram o regime de Assad. Mas para a Rússia, a aviação de síria bombardeou na região de Khan Sheikhun um "depósito terrorista" onde eram armazenadas "substâncias tóxicas" destinadas a combatentes no Iraque.
Washington, Londres e Paris apresentaram na terça-feira um projeto de resolução ao Conselho de Segurança que condena o ataque químico na Síria e exige uma investigação completa e rápida.
Neste sentido, Guterres pediu uma "investigação clara", afirmou que a ONU deseja estabelecer responsabilidades por estes crimes e expressou confiança de que o Conselho de Segurança estará "à altura de suas responsabilidades".
"Espero que seja aprovada uma resolução que condene, peça a verdade, deduza as responsabilidades, e que o direito de veto não seja utilizado mais uma vez", afirmou o chanceler francês, Jean-Marc Ayrault.
Moscou e Pequim bloquearam em fevereiro uma resolução com sanções a Damasco.
Ao menos 72 pessoas morreram, incluindo 20 crianças, de acordo com um balanço atualizado divulgado nesta quarta-feira pelo Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
O ataque aconteceu no reduto rebelde da cidade de Khan Sheikhun, na província de Idlib.
O ministro britânico das Relações Exteriores, Boris Johnson, afirmou que "todas as provas" apontam para o regime de Bashar al-Assad como responsável pelo suposto ataque.
"Todas as provas que vi sugerem que foi o regime de Al-Assad... usando armas ilegais contra seu próprio povo", disse Johnson em Bruxelas.
"É a confirmação de que se trata de um regime bárbaro que torna impossível aos nossos olhos que imaginar que possa ter a menor autoridade na Síria após o fim do conflito", completou o ministro britânico.
A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, pediu um grande esforço a favor das negociações de paz sobre a Síria em Genebra, que tem a mediação da ONU.
"Temos que unir a comunidade internacional nas negociações", declarou Mogherini
Bruxelas recebe uma conferência internacional sobre o futuro da Síria após o conflito, assim como para monitorar as doações internacionais comprometidas até o momento.
O secretário-geral da ONU disse que "a maior parte d do dinheiro prometido nas sucessivas conferências de ajuda à Síria foi realmente entregue".
"O problema é que não é suficiente", completou Guterres.
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