Mudança Entra em vigor o veto do Reino Unido e EUA de laptops nos aviões Os oito países com empresas e aeroportos afetados são todos aliados ou sócios dos Estados Unidos

Por: AFP - Agence France-Presse

Publicado em: 25/03/2017 14:36 Atualizado em:

Autoridades americanas proibiram o transporte de laptops e tablets nos voos de nove companhias aéreas procedentes de 10 aeroportos internacionais de países árabes e da Turquia (AFP / Yasser Al-Zayyat)
Autoridades americanas proibiram o transporte de laptops e tablets nos voos de nove companhias aéreas procedentes de 10 aeroportos internacionais de países árabes e da Turquia
 
 
A proibição de laptops e tablets nos aviões imposta por Estados Unidos e Reino Unido para alguns voos procedentes de países árabes e da Turquia entrou em vigor neste sábado, para insatisfação dos executivos e de alguns pais. "Compreendo os aspectos de segurança", disse à AFP Debbi Corfield, uma britânica que estava no aeroporto de Doha, Catar, um dos locais afetados pelo veto americano. "Mas o problema vai acontecer quando eu precisar trabalhar a bordo, já que meu tempo de trabalho será reduzido", completou a consultora de uma empresa americana do setor médico.
 
Corfield viaja ao menos três vezes ao ano para os Estados Unidos a trabalho.
Ela disse que sua empresa e muitos colegas serão afetados pela medida. No aeroporto de Dubai, um dos mais movimentados do mundo, os funcionários da companhia nacional Emirate explicavam aos passageiros a proibição e apresenta "as atividades de lazer" previstas depois do check-in.
 
O veto entra em vigor, neste aeroporto e em outros do Golfo, em um fim de semana intenso, com a expectativa de 1,1 milhão de passageiros entre sexta-feira e domingo.
 
- Pais decepcionados -
 
Neste aeroporto que recebe o maior número de passageiros internacionais do planeta, alguns pais não escondiam a decepção. "Tenho dois filhos e estão sempre com um Ipad na mão", lamenta Samuel Porter, que viajava com a família.
 
As autoridades americanas proibiram o transporte de laptops e tablets nos voos de nove companhias aéreas procedentes de 10 aeroportos internacionais de países árabes e da Turquia, alegando o risco de atentado. Os oito países com empresas e aeroportos afetados são todos aliados ou sócios dos Estados Unidos: Turquia, Jordânia, Egito, Arábia Saudita, Kuwait, Catar, Emirados Árabes Unidos e Marrocos. Washington não anunciou a duração da medida, mas a companhia aérea Emirates, com sede em Dubai, informou à AFP que recebeu a determinação de aplicá-la até 14 de outubro.
 
O veto afeta ainda os aparelhos vendidos nas lojas duty-free, informou à rádio DubayEye o presidente do aeroporto de Dubai, Paul Griffith. Para tentar acalmar o descontentamento dos clientes, a Emirates disponibilizou um serviço especial gratuito que permite o uso de aparelhos eletrônicos até o momento do embarque. O desafio é enorme para esta companhia, que opera 18 voos diários para os Estados Unidos a partir de Dubai. A Turkish Airlines fez o mesmo nos aeroportos da Turquia.
 
- Viva os livros -
 
Em Dubai, alguns passageiros encontraram um substituto para os tablets.
"Eu trouxe dois livros", disse uma passageira. No aeroporto de Abu Dhabi, também afetado pelo veto, a administração tenta seduzir os clientes com outras vantagens. A companhia Etihad informou que os passageiros com destino aos Estados Unidos podem passar por todos os controles de imigração e alfândega na saída de Abu Dhabi, um dos poucos aeroportos no mundo com este serviço.
"Assim não precisam entrar na fila ao chegar aos Estados Unidos", indicou a Etihad à AFP.
 
Imediatamente depois dos Estados Unidos, o governo do Reino Unido anunciou na quarta-feira uma medida quase similar que, com exceção dos Emirados Árabes Unidos, afeta a Turquia e cinco países árabes: Líbano, Jordânia, Egito, Tunísia e Arábia Saudita. As medidas, que não são aplicadas por outros países afetados por atentados como a França, foram muito criticadas. Alguns apontam o fato de que são aplicadas apenas em países muçulmanos, outros consideram que para os Estados Unidos esta é uma forma de protecionismo, em um cenário no qual as companhias aéreas americanas reclamam da concorrência das empresas do Golfo.