Crise Animais morrem de fome em zoológico na Venezuela O que acontece com os animais "é a metáfora do sofrimento dos venezuelanos", diz presidente de sindicato

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 28/07/2016 10:04 Atualizado em: 28/07/2016 10:24

Grandes felinos, como leões e tigres, estão sendo alimentados com frutas e legumes misturados com carne. Foto: Tripadvisor
Grandes felinos, como leões e tigres, estão sendo alimentados com frutas e legumes misturados com carne. Foto: Tripadvisor

A crise econômica na Venezuela atinge também os animais. No maior zoológico de Caracas, Caricuao, os animais sofrem de inanição e cerca de 50 já morreram de fome nos últimos seis meses. A denúncia foi feita por trabalhadores do instituto governamental que supervisiona parques e zoológicos públicos do país.

Segundo Marlene Sinfontes, que representa o sindicato do Instituto Nacional de Parques (Inparques), os animais "passaram quase 15 dias sem comer, o que foi deteriorando a saúde deles", disse à agência de notícias Reuters. Marlene acrescenta ainda que o que acontece com os animais "é a metáfora do sofrimento dos venezuelanos".

Além disso, alimentos fora da dieta usual dos animais tem sido usados para compensar a falta de comida. Leões e tigres, por exemplo, vêm sendo alimentados com manga e abóbara para compensar as quantidades reduzidas de carne.

Escassez de alimentos atinge população venezuelana
No último dia 10 de julho, milhares de venezuelanos cruzaram a pé a fronteira com a Colômbia, aproveitando a abertura temporária da passagem de pedestres, fechada há 11 meses, para comprar, na cidade de Cúcuta, alimentos e remédios que escasseiam em seu país. "Estamos felizes porque temos supermercado. Na Venezuela não tem nada! Não tem nem remédio para as crianças, elas estão morrendo. Só a cúpula tem comida. O presidente [Nicolás Maduro] diz que há comida, isso é mentira", disse à AFP Tulia Somaza, exaltada e entre aplausos dos seus compatriotas, que lotavam um supermercado em Cúcuta.

"Nós, os mortais, não temos nem sabão para lavar roupa", acrescentou Somaza, loira e de meia-idade, uma das milhares de pessoas que atravessaram os cerca de 700 metros que separam a cidade venezuelana de San Antonio del Táchira e a colombiana de Cúcuta para comprar provisões.

Depois do fechamento da fronteira, ordenado por Maduro por motivos de segurança, o presidente venezuelano autorizou a abertura de uma passagem de pedestres na manhã deste domingo entre as pontes Simón Bolívar (Venezuela) e Francisco de Paula Santander (Colômbia).