Escândalo Milhares de argentinos pedem a renúncia de Maurício Macri na Praça de Maio Manifestantes exigem saída de presidente, citado nos "Panama Papers"

Por: Mike Torres - Diario de Pernambuco

Publicado em: 07/04/2016 23:19 Atualizado em: 08/04/2016 00:00


Milhares de pessoas estão se manifestando na Praça de Maio, em Buenos Aires, na noite desta quinta-feira, exigindo a renúncia do presidente argentino, Maurício Macri, envolvido no escândalo dos "Panama Papers". A informação é do portal argentino La Nación.

Como revelado pela investigação jornalística mundial, Macri possui contas offshore no Caribe, o que causou indignação em diversos setores da sociedade do país vizinho.

O protesto foi convocado através das redes sociais. Uma multidão se encontra, munida de cartazes e banderas, na frente da Casa Rosada, sede do governo portenho.

"Mauricio, me diz como é lavar dinheiro no Panamá", cantam os manifestantes do ato "7A (7 de abril) por el Juicio Político A Macri" ["7 de abril pelo julgamento político de Macri", em tradução livre].

Macri se defende e oposicionistas atacam
Macri, ex-presidente do clube de futebol Boca Juniors, admitiu ter feito parte de uma sociedade familiar offshore nas Bahamas, de acordo com o relatório divulgado pelo "Panama Papers".

O líder argentino explicou que foi "designado ocasionalmente" como diretor da sociedade e que "nunca teve nem tem participação no capital" [dessa sociedade].

Nessa quarta-feira, o deputado kirchnerista Norman Martínez apresentou uma denúncia penal contra o presidente Macri, para que ele seja investigado por evasão fiscal.

Franco Macri, pai do presidente e proprietário de um dos grupos empresariais mais importantes da Argentina, assumiu a responsabilidade por ter colocado o nome do filho como "diretor circunstancial" de uma empresa que não teria sido ativada.

Panama Papers contas offshore e brasileiros
A investigação foi feita pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, sigla em inglês) sobre a indústria de empresas offshore. Esse tipo de empresa pode ser usada para esconder dinheiro e dificultar o rastreamento de seus verdadeiros donos.

Na Argentina, profissionais do La Nación e do Canal 13 integraram os trabalhos da investigação sobre a série de documentos que envolvem políticos e personalidades ao redor do planeta.

O ICIJ, com apoio do jornal alemão Süddeutsche Zeitung, teve acesso a 11,5 milhões de documentos ligados ao escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca. Os milhões de documentos vazados foram esmiuçados por mais de 370 jornalistas de 76 países. No Brasil, fazem parte da ICIJ profissionais do portal UOL, do jornal O Estado de S.Paulo e da emissora Rede TV!.

Os documentos mostraram que a Mossack Fonseca, que tem escritórios em outros países, é uma das maiores criadoras de empresas de fachada do mundo. A documentação analisada apontou a criação de 214 mil empresas offshore ligadas a pessoas em mais de 200 países e territórios.

As descobertas das investigações trazidas a público envolvem 140 políticos de mais de 50 países, ligados a empresas offshore em 21 paraísos fiscais. Nomes de chefes de Estado, ministros e parlamentares de vários países aparecem no Panamá Papers. As planilhas, e-mails, faturas e registros corporativos apontam que as fraudes foram cometidas nos últimos 40 anos.

Dentre os brasileiros citados no escândalo de offshores em paraísos fiscais, estão nomes como o do presidente da Câmara, Eduardo Cunha; o ex-presidente do STF, Joaquim Barbosa; o dono da empreiteira Queiroz Galvão, Carlos de Queiroz Galvão; o Banco BMG; o banqueiro Carlos Eduardo Schahin; o ex-ministro Edison Lobão; e a construtora Odebrecht.

107 offshores estão ligadas a envolvidos a personagens da Operação Lava Jato.

 
Com informações da AFP e da Agência Brasil

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