Intervenção Rebeldes tentam repelir o EI de Aleppo

Por: AFP - Agence France-Presse

Publicado em: 10/10/2015 10:37 Atualizado em: 10/10/2015 10:43

Rua parcialmente destruída no distrito de Al-Shaar, em Aleppo, em 21 de setembro de 2015
Foto: Fadi al-Halabi / AFP
Rua parcialmente destruída no distrito de Al-Shaar, em Aleppo, em 21 de setembro de 2015 Foto: Fadi al-Halabi / AFP
Os rebeldes sírios tentavam neste sábado recuperar terreno diante do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) em Aleppo (norte), enquanto os Estados Unidos e a Rússia planejam retomar suas conversas para evitar acidentes no espaço aéreo.

No décimo primeiro dia desde o início da intervenção da Rússia, Washington e Moscou se declararam dispostos a colaborar para garantir a segurança do espaço aéreo sírio, onde ambos fazem operações.

Na província de Aleppo, os rebeldes islamitas, entre eles o poderoso grupo Ahrar al-Cham, conseguiram recuperar o controle da localidade de Tall Susin, após o avanço dos jihadistas.

Enquanto isso, os combates seguiam em Tall Qrah, um ponto estratégico, já que está no caminho em direção à Turquia, que é a principal aliada dos islamitas moderados.

Na sexta-feira, o grupo jihadista EI, que controla vastos territórios no Iraque e na Síria, conseguiu avançar em algumas horas e se situar a 10 quilômetros da periferia norte da cidade e a 3 quilômetros da zona industrial de Sheikh Najar, nas mãos do regime, segundo o OSDH.

Aleppo é a segunda cidade mais importante da Síria e o governo tem suas tropas mobilizadas no complexo de Sheikh Najar.

O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) disse que durante a noite dezenas de jihadistas e de rebeldes perderam a vida, mas não pôde fornecer um balanço das perdas humanas nos combates.

O avanço dos jihadistas perto da outrora capital econômica da Síria pode complicar ainda mais a situação da cidade, que se encontra dividida desde julho de 2012 entre os setores controlados pelo regime, a oeste, e com o setor leste nas mãos de vários grupos insurgentes, entre eles a Frente al-Nosra, seus aliados islamitas e rebeldes locais.

Em outras partes da província, localizada no norte do país, os confrontos prosseguiam e os jihadistas continuavam a ofensiva lançada contra o aeroporto militar de Kweyris, enquanto as tropas de Damasco tentavam atacar o grupo nas localidades próximas para afrouxar o cerco.

Enquanto isso, a ONG reportou que durante a noite a aviação russa lançou vários bombardeios em Latakia, Hama e Idleb, que são importantes posições do grupo islamita Frente al-Nosra, mas onde a presença do EI é limitada.

Evitar incidentes aéreos

O avanço do EI na província de Aleppo ocorreu apesar da campanha aérea iniciada pela Rússia no dia 30 de setembro.

Damasco e Moscou afirmam que a campanha russa tem por objetivo frear o EI e outros grupos jihadistas, mas algumas organizações opositoras ao governo sírio afirmam que se centrou mais nos rebeldes moderados.

A ofensiva russa também complica as operações da coalizão liderada pelos Estados Unidos que, junto a países como Reino Unido e França, lança bombardeios contra o grupo.

O porta-voz do Pentágono, Peter Cook, indicou que serão retomadas as conversas com a Rússia para evitar contratempos e garantir as operações no espaço aéreo da Síria de ambos os países. "As conversas podem ocorrer já neste fim de semana", acrescentou.

Depois do início das operações da Rússia, os comandos civis e militares dos dois países realizaram reuniões por videoconferência para evitar acidentes, abordando temas como as frequências de rádio para comunicar alertas e o idioma que os pilotos utilizariam.

Depois o Pentágono criticou o fato de Moscou não responder suficientemente rápido as propostas formuladas por Washington após o início das conversas.

Na sexta-feira, os Estados Unidos anunciaram que deixarão de recrutar e treinar futuros combatentes rebeldes contrários ao presidente sírio e se concentrarão na entrega de "armas a um grupo seleto de líderes confiáveis e as suas unidades" já mobilizadas.