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'Indignados' enviam aviso sério à direita na Espanha
A seis meses das eleições gerais, os espanhóis evidenciaram sua irritação com a crise, com os cortes e os escândalos de corrupção
Publicado: 25/05/2015 às 13:50

A candidata Ada Colau participa de uma entrevista coletiva em Barcelona © AFP JOSEP LAGO/

Madri (AFP) - Os espanhóis enviaram uma séria advertência aos políticos tradicionais, abrindo as portas de Barcelona e Madri aos "indignados", em eleições locais onde os conservadores podem perder um bom número de regiões e o grupo de esquerda radical Podemos confirma seu avanço.
A seis meses das eleições gerais, os espanhóis evidenciaram sua irritação com a crise, com os cortes e os escândalos de corrupção, que não apagaram a incipiente recuperação econômica que a direita exibe como sua grande conquista.
Em Barcelona, o partido liderado pela ativista antirremoções Ada Colau, Barcelona en Común, superou com 11 vereadores os 10 do prefeito nacionalista conservador em fim de mandato Xavier Trias.
Com a necessidade de mais 10 vereadores da maioria absoluta, Colau começa agora uma rodada de negociações de forma transparente com forças de esquerda para alcançar um apoio estável.
A busca de pactos se repetirá em Madri, onde a ex-juíza Manuela Carmena com o Ahora Madrid, ao qual o Podemos se integrou, foi a segunda força mais votada com 20 vereadores, atrás dos 21 do Partido Popular (PP), e pode governar se os socialistas a apoiarem com seus nove vereadores. O 'Ciudadanos', a outra grande força emergente de centro-direita, ficou em quarto com sete vereadores.
"Fazer as coisas de outra maneira"
"É uma esperança de mudança. É um sopro de ar fresco", afirmava nesta segunda-feira Antonio Sama, um sindicalista de 53 anos, que protestava ante a prefeitura de Madri contra salários em atraso da Real Fábrica de Tapetes espanhola.
"Pode convencer muita gente que tem medo das mudanças de que é possível fazer coisas de outra maneira", afirmava Isabel Fernández López, outra manifestante de 51 anos.
Durante a noite, os partidários de Carmena, de 71 anos, festejaram sua vitória na capital espanhola, que a direita governa há 23 anos e que em 2011 presenciou o nascimento do movimento dos "indignados".
"Por fim esta cidade vai parar de ficar triste", afirmou Nacho López, de 38 anos.
Mas, após tocar o céu, estes "indignados" terão que voltar à terra para selar os pactos que deverão se seguir a estes resultados.
Em Barcelona, uma coalizão da oposição ainda pode afastar Colau, enquanto em Madri a candidata conservadora Esperanza Aguirre parece dar como certo que Carmena se aliará aos socialistas, mas não deixa de ser o partido mais votado e promete uma dura disputa.
O secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez, cujo partido obteve 25% dos votos em nível nacional, afirmou que os espanhóis mostraram que desejam dar uma guinada à esquerda e abriu seu partido a "articular governos progressistas no conjunto de comunidades autônomas e municípios para uma mudança segura".
Mais proximidade
No conjunto do país, a direita recebeu um duro corretivo com o risco de perder redutos tradicionais como Valencia ou as ilhas Baleares.
"Vamos perder o governo de comunidades autônomas que são muito importantes para nós e não apenas comunidades autônomas, mas também em capitais de província", disse à rádio Cadena Ser a candidata à presidência da região de Madri, Cristina Cifuentes, representante da ala moderada do PP.
Os espanhóis "querem que mudemos comportamentos, que tenhamos mais proximidade", acrescentou.
O PP, que dirigia 13 das 17 regiões espanholas, perdeu 2,5 milhões de votos, embora continue sendo a primeira força em número de sufrágios (27%).
A formação do chefe de Governo espanhol, Mariano Rajoy, pode perder o poder em seis regiões: Extremadura (oeste), onde o PSOE está na liderança, e outras cinco regiões se houver alianças distintas: Aragón (norte), Cantabria (norte), Castilla La Mancha (centro), arquipélago balear (leste) e, por último, seu reduto em Valencia (leste), cercado por vários escândalos de corrupção, que pode perder caso os socialistas e a plataforma cidadã de esquerdas Compromis anunciem uma aliança.
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