O ex-premier Ehud Olmert, durante seu julgamento. Foto:HEIDI LEVINE/ POOL/AFP/

Jerusalém (AFP) - O ex-primeiro-ministro israelense Ehud Olmert (2006-2009) foi condenado nesta segunda-feira por um tribunal de Jerusalém a oito meses de prisão por corrupção com agravante.
Olmert também foi condenado a outros oito meses de prisão com suspensão condicional da pena e a pagar uma multa de 25.000 dólares.
Os advogados de Olmert anunciaram que pretendem apelar da condenação, o que suspende a aplicação da pena.
O ex-chefe de Governo, de 69 anos, já havia sido condenado a seis anos de prisão por outro caso de corrupção, que está sendo examinado atualmente em apelação na Suprema Corte.
Neste novo caso, Olmert foi considerado culpado de ter recebido e dissimulado envelopes com dezenas de milhares de dólares do empresário americano Morris Talansky.
Os fatos aconteceram na década de 1990 e no início dos anos 2000, quando Olmert foi, entre outras coisas, ministro da Indústria e Comércio.
De acordo com a acusação, Olmert teria utilizado de forma fraudulenta pelo menos 150.000 dólares, de um total de mais de 600.000 dólares recebidos de Talansky.
Inicialmente, em 2012, Olmert foi absolvido das acusações de fraude e corrupção, mas teve que pagar uma multa de 19.000 dólares e recebeu uma pena de prisão com suspensão condicional por abuso de confiança.
Mas a justiça reabriu o caso quando a ex-secretária de Olmert e pessoa de sua confiança, Shula Zaken, apresentou ao tribunal algumas gravações secretas de conversas com Olmert, em troca de uma redução da pena.
Nas gravações é possível ouvir Olmert comentando sobre os milhares de dólares que recebeu de Talansky.
Na sentença, o tribunal de Jerusalém considerou que "a conduta de Ehud Olmert merece uma pena de prisão firme. Um homem público, um ministro que recebe dinheiro líquido em dólares, o guarda em uma caixa secreta e o utiliza com fins pessoais está cometendo um delito que atenta contra a confiança da população no serviço público".
Mas o tribunal destacou que optou por uma "pena leve por conta da contribuição de Ehud Olmert ao país", aceitando assim um dos argumentos dos advogados do ex-primeiro-ministro.
A condenação a seis anos de prisão foi anunciada em maio do ano passado. Olmert foi acusado de receber subornos de 560.000 shekels (140.000 dólares atualmente) quando era prefeito de Jerusalém (1993-2003) das mãos dos promotores de um enorme complexo residencial, Holyland, situado em Jerusalém Oeste e considerado um símbolo de corrupção e especulação imobiliária.
Olmert se tornou primeiro-ministro em 2006, depois que o antecessor e mentor Ariel Sharon sofreu um derrame cerebral e entrou em coma, do qual nunca se recuperou.
Em setembro de 2008, Olmert renunciou ao cargo, depois que a polícia recomendou seu indiciamento por corrupção, mas permaneceu como primeiro-ministro até março de 2009, quando foi sucedido pelo atual chefe de Governo, Benjamin Netanyahu.