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Nepal Terremoto no Nepal deixa mais de 1,3 mil mortos O Ministério do Interior do Nepal estimou o número de mortes por causa do terremoto no país em 1.382, com quase 4.482 feridos

Por: AFP - Agence France-Presse

Publicado em: 25/04/2015 16:43 Atualizado em: 25/04/2015 19:18

Socorristas transportam pessoa ferida após terremoto no Nepal, em 25 de abril de 2015 em Katmandu
© AFP Prakash Mathema
Socorristas transportam pessoa ferida após terremoto no Nepal, em 25 de abril de 2015 em Katmandu © AFP Prakash Mathema
Katmandu (AFP) - Um terremoto de magnitude 7,8 no Nepal deixou neste sábado mais de 1.200 mortos e muitos danos materiais, provocando uma avalanche que soterrou um acampamento de alpinistas no Everest.

As autoridades indicaram que ao menos 1.170 pessoas morreram no Nepal, o que faz deste terremoto o mais mortífero no país em 80 anos.

No entanto, o balanço final do tremor pode ser muito maior, enquanto dezenas de pessoas também morreram nas vizinhas Índia e China.

"O número de mortos chegou a 1.170", informou o porta-voz da polícia do país, Kamal Singh Bam, à AFP, acrescentando que as operações de resgate estão em andamento.

Equipes de emergência se espalharam por todo o país para resgatar as pessoas presas nos escombros de construções que desabaram, e governos do mundo inteiro ofereceram ajuda.

Os Estados Unidos anunciaram o envio de uma equipe de socorristas e o desbloqueio de uma ajuda de um milhão de dólares ao país.

O escritório de assistência a desastres no exterior (OFDA), que faz parte da USAID, "enviará uma equipe de socorristas e assistência em resposta ao terremoto no Nepal, e autorizou a liberação de um milhão de dólares para atender às necessidades mais urgentes", tuitou o diretor do OFDA, Jeremy Konyndyk.

Segundo o porta-voz da polícia nepalesa, "foram reportadas mortes em todas as regiões (do país), exceto no extremo oeste. Todos os nossos agentes de segurança foram mobilizados para resgatar e ajudar as pessoas em necessidade".

Os maiores danos foram registrados em Katmandu, onde o terremoto, que ocorreu por volta do meio-dia local (03h11 de Brasília), desencadeou o pânico entre a população, que saiu às ruas apavorada, e arruinou muitos edifícios.

A histórica torre Dharahara, uma das maiores atrações turísticas da cidade, não resistiu aos abalos e seus nove andares vieram abaixo, deixando uma montanha de escombros.

Um fotógrafo da AFP acompanhou a retirada de ao menos 12 corpos das ruínas da torre, onde as equipes de resgate seguiam trabalhando.

"Ao meu redor os muros das casas caíram. Todas as famílias estão do lado de fora, no quintal, amontoadas umas contra as outras, os tremores prosseguem", constatou um correspondente de Katmandu.

"Tudo começou a tremer. Tudo caía. As paredes em torno da via principal desabaram. Os portões dos estádios caíram", disse Anupa Shrestha, um morador.

Um funcionário da embaixada da Holanda na capital do Nepal, Kari Cuelenaere, contou que uma piscina se esvaziou por completo em um hotel onde era celebrada a festa nacional holandesa. "Foi horrível, de repente toda a água saiu da piscina e molhou todas as pessoas, as crianças começaram a gritar", disse.

O terremoto cortou vias de acesso à capital e provocou danos no aeroporto internacional de Katmandu, que precisou ser fechado por motivos de segurança, segundo seu diretor, Birendra Prasad Shrestha.

Destroços da torre Dharahara em Katmandu em 25 de abril de 2015
© AFP Prakash Mathema
Destroços da torre Dharahara em Katmandu em 25 de abril de 2015 © AFP Prakash Mathema
Avalanche no Everest
Por sua vez, autoridades locais informaram que uma avalanche provocada pelo terremoto deixou 10 mortos, incluindo alpinistas estrangeiros, no acampamento de base do Everest, onde centenas de montanhistas haviam se reunido devido ao início da temporada anual de escalada.

"A avalanche do Monte Pumori alcançou o acampamento de base e soterrou uma parte" dele, indicou à AFP Gyanendra Kumar Shrestha, do ministério nepalês do Turismo.

Um jornalista da AFP, Ammu Kannampilly, que estava entre as pessoas que ficaram bloqueadas no campo, explicou que os helicópteros não conseguem ter acesso à zona, já que está nevando.

Dois montanhistas experientes contaram que o pânico se apoderou do campo base, que estava repleto de gente e sofreu graves danos. Outra pessoa explicou que o terremoto provocou uma enorme avalanche.

"Precisei sair correndo da minha barraca para salvar a vida. Ileso. Muita, muita gente, na montanha", tuitou o montanhista romeno Alex Gavan, que se preparava para escalar o Lhotse, o quarto pico mais alto do mundo.

Índia e Bangladesh
O terremoto durou entre 30 segundos e dois minutos e foi sentido em várias zonas do norte da Índia, confirmou Laxman Singh Rathore, diretor-geral do Departamento Meteorológico indiano, que informou sobre a ocorrência de uma réplica de magnitude 6,6 apenas 20 minutos após o primeiro tremor.

Ao menos 42 pessoas morreram na Índia, incluindo 30 no Estado oriental de Bihar.

Em Nova Délhi, o edifício da AFP precisou ser evacuado em duas ocasiões, indicou um correspondente da agência.

"Ainda estamos recolhendo informação e estamos tentando ajudar os afetados, em nosso país e no Nepal", disse no Twitter o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.

Segundo a agência de notícias chinesa Xinhua, 13 pessoas, entre elas uma mulher de 83 anos, morreram no Tibete como consequência do terremoto.

O tremor também foi sentido em várias regiões de Bangladesh, provocando cenas de pânico na capital Daca, onde os habitantes saíram correndo às ruas.

Em uma fábrica têxtil de Savar, nos arredores de Daca, ao menos 50 trabalhadores ficaram feridos em um tumulto provocado pelo terremoto.

Em agosto de 1988 um terremoto de 6,8 graus atingiu o leste do Nepal, deixando 721 mortos. E em 1934 um tremor de 8,1 graus de magnitude matou 10.700 pessoas no país e na leste da Índia.

Após a tragédia
Em Katmandu, milhares de pessoas foram passar a noite no Tudikhel, um vasto campo aberto perto da cidade velha, onde edifícios históricos estão em ruínas. Os desalojados dormiam em folhas de plástico ou caixas de papelão, abraçados em cobertores.

O primeiro-ministro do Nepal, Sushil Koirala, que estava participando de uma reunião de cúpula em Jacarta, tentou retornar ao país, mas chegou apenas a Bangcoc, onde seu voo de conexão para Katmandu foi cancelado, porque o aeroporto internacional da capital foi fechado para voos comerciais. Entretanto, aviões da Força Aérea da Índia foram autorizados a pousar com 43 toneladas de material de emergência, incluindo tendas e alimentos, e cerca de 200 socorristas, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Índia Vikas Swarup. Os aviões voltaram para Nova Délhi com cidadãos indianos que estavam presos em Katmandu. A companhia aérea estatal Air India anunciou que iria começar voos com materiais de ajuda para a capital nepalesa no domingo.