Volta
Após terremotos, brasileiros começam a deixar o Nepal
Do grupo, terão prioridade de embarque para deixar o país uma família com um bebê de 12 dias, uma mãe com duas crianças pequenas, de 2 anos e 4 anos, e algumas pessoas mais idosas.
Publicado em: 27/04/2015 12:19 Atualizado em:
Apesar do tumulto e do congestionamento de voos, o aeroporto de Katmandu, capital do Nepal, voltou a funcionar, e os brasileiros que estão no país começam a voltar ao Brasil nos próximos dias, após os terremotos na região. A Agência Brasil conversou com o brasileiro Silvio Aparecido Pereira da Silva, que mora no país asiático. Ele explicou que está com um grupo de 32 brasileiros em Katmandu, em contato com a embaixada brasileira, mas disse que existem brasileiros em outras localidades.
Saiba mais...
Alpinista cearense é resgatado no Monte Everest
Sobe para 3,7 mil o número de mortos no Nepal
ONU se prepara para grande operação alimentar no Nepal
Quase 1 milhão de crianças precisam de ajuda humanitária no Nepal, estima Unicef
Países enviam ajuda humanitária após terremoto
Brasileira é localizada com vida após terremoto no Nepal
Dilma e o Papa declaram solidariedado ao Nepal
Novos tremores atingem o Nepal na manhã deste domingo
Executivo do Google morreu em terremoto no Nepal
Terremoto no Nepal atinge expedição de montanhista brasileiro no Everest
Líderes mundiais oferecem ajuda ao Nepal
Terremotos mais mortíferos no mundo desde 2004
Montanhistas ficam bloqueados no Everest por terremoto no Nepal
Terremoto de magnitude 7,9 atinge o Nepal e deixa ao menos 94 pessoas mortas
Terremoto pode ter mudado posição de Katmandu, dizem especialistas
Do grupo, terão prioridade de embarque para deixar o país uma família com um bebê de 12 dias, uma mãe com duas crianças pequenas, de 2 anos e 4 anos, e algumas pessoas mais idosas. “Estivemos na embaixada e a equipe estava tentando informar o Itamaraty sobre os brasileiros, mas não tinha internet. A comunicação está difícil, mas estamos sendo bem atendidos, na medida do possível”, disse Silvio.
Segundo ele, mesmo com o clima de destruição, a cidade e o povo nepalês estão aparentemente calmos. “As lojas estão fechadas, os serviços estão precários, em alguns momentos eles funcionam, não tem energia elétrica. Ontem ela [a energia] voltou por um tempo e depois caiu. Há falta de água. A escola onde estamos acampados têm duas quadras, cedemos uma para a comunidade e na outra estamos com mais de 200 crianças. Ganhamos um cabrito hoje de alguns hindus para poder comer.”
Ele e a esposa trabalham com as organizações não governamentais Missão Cristã Mundial e Mobilização Mundial, em uma casa de acolhimento para crianças traficadas no Nepal. A escola da organização também atende a crianças da comunidade. Segundo Silvio, a estrutura de atendimento do governo nepalês é muito ruim. “O governo é ineficiente e precário, nessa situação eles têm boa vontade, mas não tem estrutura. Se eles conseguirem reestabelecer água, energia e desbloquear as estradas já vai ser ótimo.”
Silvio mora no Nepal com a esposa Rose e os dois filhos e, segundo ele, vão ficar para continuar a ajudar o povo nepalês na reconstrução do país. “Minha filha de 9 anos, que é nepalesa, está muito assustada, mas eles [os filhos] querem ficar mesmo com medo. O terremoto foi terrível, a lembrança é terrível”, disse.
Foram dois terremotos, um no sábado (25) de magnitude 7,8 na escala de Richter e outro ontem (26) de magnitude 6,7. Os abalos provocaram a morte de mais de 3,2 mil pessoas, até o momento, segundo a Organização das Nações Unidas. De acordo com Silvio, além dos dois tremores principais, dezenas de réplicas do terremoto foram sentidas até duas horas depois dos primeiros episódios. “É assustador, durante a noite ainda sentimos tremores leves. Uma pessoa fica de vigília com um sino, para tocar se houver um tremor mais forte durante a madrugada. Mas hoje senti que eles diminuíram. A minha impressão é que o pior já passou.”
Durante o primeiro terremoto, no sábado, Silvio conta que só conseguiu reunir a família após três horas. “Minha esposa estava em casa, eu estava com meus filhos dirigindo para a igreja e o chão começou a tremer, foi assustador. As crianças na escola disseram que o prédio mexia como se fosse gelatina e, mesmo com treinamento que elas recebem, desceram desesperadas pelas escadas. Fui passando por lugares desmoronados, com as pessoas andando pelas ruas; abriram rachaduras nas estradas. Várias de nossas crianças perderam parentes. Conseguimos reunir nossa família três horas depois. Foi assustador.”
O missionário explicou que, apesar das diferenças religiosas no país, que tem grupos hindus, budistas e cristãos, há muita solidariedade. “Ontem os hindus aceitaram comer conosco, nos doaram o cabrito, as pessoas estão se ajudando, pessoas de castas [níveis sociais] diferentes ajudando uns aos outros. Apesar da tragédia, há solidariedade. E quero tranquilizar as pessoas no Brasil: Diga que estamos bem.”
MAIS LIDAS
ÚLTIMAS