Epidemia Vírus Ebola volta a Serra Leoa pelo mar

Publicado em: 04/03/2015 09:08 Atualizado em: 04/03/2015 09:30

Foto: AFP Photo/ Francisco Leong
Foto: AFP Photo/ Francisco Leong
A crise do vírus Ebola, que parecia haver terminado, ressurgiu em Serra Leoa. No país mais afetado da África, o número de novos casos havia diminuído, o presidente tinha retirado as restrições às viagens e as escolas estavam prontas para voltar a funcionar. Em alguns locais, o período de incubação de 21 dias estava terminado sem o surgimento de novos casos, mas o vírus reapareceu, vindo do mar.

Em Serra Leoa, o declínio de casos se estabilzou no final de janeiro e desde então o páis registrou de 60 a 80 casos por semana. Mas a chegada de marinheiros doentes - juntamente com um recente abrandamento da política contra o Ebola, a persistente resistência da comunidade às medidas de contenção e a falta de compreesão - contribuiu para o surto na capital.

No início de fevereiro, pescadores doentes comaçaram a chegar às favelas superpovoadas da área do cais. Os voluntários se espalharam imediatamente para conter o surto, mas o vírus invadiu o interior, trazendo dezenas de novas infecções e mortes. Dois barcos que transportavam três pescadores doentes chegaram a Freeetown. A área do porto, Tamba Kula, é um assentamento informal onde centenas de pessoas vivem em barracos sem infraestrutura.

Há várias teorias sobre como os pescadores podem ter sido infectados e como eles espalharam o vírus. Alguns demoraram a comunicar a doença e pararam em uma ilha para se tratar com ervas nativas, em vez de voltar direto para a capital. Moradores do lugar que mais tarde adoeceram acharam que tinham entrado em contato com fluidos corporais infectados em um banheiro público em Tamba Kula.

Quando o surto atingiu a área do cais - parte de um grande bairro conhecido como Aberdeen, com cerca de nove mil habitantes - alguns trabalhadores na prevenção do Ebola foram apanhados de surpresa. Os médicos impuseram uma quarentena, o que levou muitos pescadores a voltarem ao mar para não se submeterem à medida. As autoridades mandaram avisos para que eles voltassem.

Nos últimos dias, as equipes começaram a procurar os doentes de casa em casa por todos os assentamentos em frente ao mar em Aberdeen, onde as passagens estreitas tornam impossível evitar o contato físico. O coordenador de resposta ao Ebola do distrito, dr, Conteh foi taxativo:"a guerra continua. Estamos num estágio crucial. Ou vencemos ou morremos"

Para o dr. William Foege, ex-diretor do CDC , figura exponencial na erradicação da varíola, quando as epidemias se estabilizam, é comum desobrir novas complicações até zerar os casos. Os especialistas em saúde pública que se preparavam para uma conferência internacional sobre a doença acreditam que ela pode ser derrotadas nos países da África Ocidental, assolados no ano passado, mas como se vê a queda da incidência de novos casos no final do ano passado e até janeiro deste ano não levaram ao fim da epidemia.



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