Tragédia Ataque à revista francesa Charlie Hebdo deixa 12 mortos em Paris Há informações de que pelo menos dez pessoas ficaram feridas durante ataque ao semanário satírico Charlie Hebdo. Polícia francesa busca autores do atentado

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 07/01/2015 09:08 Atualizado em: 07/01/2015 13:20

Bombeiros e policiais diante da sede da revista Charlie Hebdo depois do atentado que deixou 11 mortos. Foto: Kenzo Tribouillard/AFP
Bombeiros e policiais diante da sede da revista Charlie Hebdo depois do atentado que deixou 11 mortos. Foto: Kenzo Tribouillard/AFP

Doze pessoas, entre elas dois policiais e dez jornalistas, morreram na manhã desta quarta-feira (7) em um ataque com fuzis de assalto e lança-foguetes contra a sede da revista satírica Charlie Hebdo, localizada em Paris. Os nomes das vítimas ainda não foram divulgados oficialmente. O presidente da França, François Hollande, foi até a sede da redação e disse que se trata indubitavelmente de um atentado terrorista de "excepcional barbárie". "Nós estamos sob ameaça porque somos um país da liberdade", disse o presidente. O Consulado Francês do Culto Muçulmano, com sede na capital francesa, também se pronunciou dizendo que se trata de um "ato de barbárie contra a democracia".


De acordo com o jornal Le Monde, pelo menos dez pessoas continuam gravemente feridas. O jornal Le Figaro publicou que os terroristas teriam gritado durante o ataque: "Nós vingamos o profeta. Nós matamos Charlie Hebdo". A Casa Branca dos Estados Unidos condenou o atentado "nos termos mais fortes" e a prefeitura de Londres, na Inglaterra, se pronunciou "apoiando a liberdade de expressão". A deputada da extrema direita Marine Le Pen se disse "horrorizada" pelo "odioso atentado". O reitor da mesquita de Paris, Dalil Boubakeur, disse que se trata de "uma declaração de guerra fracassada", já que considera que "os tempos mudaram, nós estamos em um novo período em relação a esse confronto".

Ao menos três terroristas estariam envolvidos no assassinato. Ainda não foram encontrados pela polícia. A região parisiense ao redor da revista foi colocada em estado de alerta máximo. As informações são de que os criminosos teriam fugido em direção a um subúrbio ao norte da capital. O veículo preto utilizado pelos terroristas foram encontrados na Porte de Pantin, no 19º arrondissement de Paris, no noroeste da cidade. Dois helicópteros da polícias ajudam na busca. Escolas e outros estabelecimentos foram fechados. A redação do Le Figaro teve suas entradas bloqueadas como medida de segurança, assim como outros órgãos de imprensa.

Segundo um jornalista do Charlie Hebdo, entrevistado pelo Le Monde e que não estava presente no momento do atentado, a redação vinha recebendo ameaças nos últimos meses. "Nós tinhamos proteção policial, mas não saímos sempre acompanhados por policiais. Apesar das ameaças constantes, não sentíamos uma inquietude tão grande".

A foto da agência AFP mostra os terroristas enfrentando a polícia nas proximidades de onde aconteceu o atentado.
A foto da agência AFP mostra os terroristas enfrentando a polícia nas proximidades de onde aconteceu o atentado.

A motivação do atentado teria sido uma charge publicada nesta semana que mostra um jihadista ironizando a violência contra a França. A mesma revista já havia sido alvo de um ataque com bomba em 2011, após publicar uma série de charges com a figura do profeta Maomé. A informação é de que quatro chargistas da revista estão entre os mortos: Cabu, Charb, Tignous e Wolinsk. Este último é considerado um dos principais nomes da área, tendo sido morto aos 80 anos.

Os cartunistas Charb & Cabu foram mortos no atentado. Foto: Twitter/Reprodução
Os cartunistas Charb & Cabu foram mortos no atentado. Foto: Twitter/Reprodução

Se forem confirmadas as 12 mortes, este terá sido o atentado mais letal na França desde o ataque ocorrido no Boulevard de Temple, em 1835, que deixou 19 mortos. Em Paris, o último ataque terrorista islâmico de grandes proporções aconteceu em 1995 em uma estação de trem na Place Saint Michel. Foram oito mortos e 117 feridos.

Às 20h (17h, no horário de Brasília), o presidente Hollande fará um pronunciamento ao vivo na televisão. Mais cedo, às 19h (16h, em Brasília), haverá uma manifestação na Place de la République em favor da "liberdade de imprensa e democracia".