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Moda para compartilhar: aplicativo criado no Nordeste reforça tendência

Criada no Nordeste, plataforma recém-lançada no Recife encoraja o compartilhamento de roupas e acessórios, reforçando busca por sustentabilidade e afetividade no setor

Publicado em: 28/10/2019 11:06 | Atualizado em: 28/10/2019 11:05

O compartilhamento na moda é uma tendência para o futuro do setor, reforçada pela busca por sustentabilidade. Foto: FreePik/Divulgação

Apontadas como duas das principais macrotendências para a moda do futuro, a afetividade e a sustentabilidade inspiraram a plataforma LOC (@meu_loc), criada em Salvador (BA) e recém-lançada no Recife, destinada ao aluguel de roupas. Com mais de 15 mil usuários ativos e mais de 50 mil downloads contabilizados, o aplicativo cresceu 150% nos últimos 90 dias e chega à capital pernambucana com o propósito de facilitar o aluguel de roupas online. “O LOC foi idealizado a partir de três demandas básicas: os custos para se manter na moda, a necessidade de sermos mais sustentáveis e a busca por compartilhamento de estilo. Na plataforma, alguns usuários se tornam referências para outros”, conta o baiano  Filipe Tambon, CEO do LOC.

Roupas casuais, vestidos de festa e de noiva, calçados, bolsas e acessórios estão disponíveis no catálogo da plataforma, que conta com curadoria de diferentes licenciados em cada cidade onde se estabelece. Em Pernambuco, as empresárias Ivany Vilarim e Virgínia Sampaio Ribeiro serão as responsáveis: podem remover itens que não estejam bem conservados ou cujas imagens não atendam ao padrão do app. “A grande vantagem é a sustentabilidade, já que os consumidores estão bastante atentos à utilização mais racional dos recursos. Não é uma questão de ter ou não ter dinheiro, mas de evitar desperdícios. Por que ter um armário lotado de peças que não são usadas?”, questiona Ivany. Em fase de expansão, o LOC tem a meta de se estender a mil cidades brasileiras. Fora da região Nordeste, onde nasceu, já se consolidou em São Paulo e no Rio Grande do Sul.

“A moda compartilhada é um caminho sem volta. É um mercado que deve triplicar até 2022. Cada vez mais, as pessoas querem comprar peças de melhor qualidade, de boa procedência, mais duradouras e que possam ser compartilhadas. Diante de problemas ecológicos como o derramamento de petróleo no mar e o desmatamento na Amazônia, os debates em torno do consumo sustentável são ainda mais urgentes, mais necessários”, avalia Tambon. Ele vê Pernambuco como ponto estratégico para o fortalecimento da tendência, já que a moda autoral e as produções artesanais sempre nortearam a moda no estado, marcada por produções conscientes e de carga afetiva. “Vemos o Recife como o hub do Nordeste. E o feedback no Nordeste tem sido muito positivo. É uma região onde as pessoas têm uma relação muito bacana com a moda, sabem aproveitar os recursos. Se vestem bem gastando pouco e já têm uma cultura mais consciente, mais ecológica”, pondera o CEO.

No Brasil, a moda compartilhada – que privilegia uma dinâmica diferente dos brechós, onde as peças são repassadas definitivamente – ganhou força nos últimos anos através das chamadas “bibliotecas de roupas”. Iniciativas como a Roupateca (@roupateca) My Open Closet (@my.opencloset), Projeto Gaveta (@projetogaveta) e Biblioteca de Moda (@blimooficial) se destacam nacionalmente: além dos empréstimos, alguns facilitam a permuta de itens entre os associados. A partir da concessão de roupas, os aplicativos possibilitam, ainda, a geração de renda extra para os usuários mais ativos. “No LOC, qualquer pessoa pode se cadastrar e disponibilizar suas peças. As pessoas estão faturando com isso, empreendendo. São pessoas que têm um acervo bacana, sabem escolher boas roupas e querem fazer renda a partir disso. Essa não era nossa principal ideia, mas é muito satisfatória. Acontece com muitas plataformas. O Uber nasceu como app de carona e virou uma 'profissão'”, analisa Filipe Tambon.

Criado no Nordeste, o LOC já tem mais de 15 mil usuários ativos e mais de 50 mil downloads contabilizados. Foto: LOC/Divulgação


>> Duas perguntas: Filipe Tambon, CEO do LOC

Como enxerga o futuro do fast fashion diante de iniciativas como o LOC?
Acho que o futuro das redes de fast fashion é bem duvidoso. Tiveram a chance de fazer mudança, de acompanhar a renovação do setor, e não fizeram. A origem do que produzem é duvidoso. Não sabemos como é produzido, por que o custo para o consumidor é tão baixo. Diante disso, as redes ganharam uma rejeição natural. O público está visitando menos os shoppings, as lojas. As pessoas ligadas à moda são muito antenadas, muito sensíveis às demandas sociais. O futuro é de plataformas como a LOC, que vão construir comunidades cada vez mais fortes.

E quais os planos para o futuro do aplicativo?
Queremos, até o fim do ano, triplicar nossa base de usuários e o faturamento. Queremos gerenciar o armário do brasileiro. Queremos que as pessoas possam cadastrar todo o seu armário no LOC, decidir quais peças vão alugar e descobrir quanto vale o seu acervo. A gente nunca sabe quantas roupas ou sapatos tem. E quanto está investido no nosso armário, quanto valem todas as nossas roupas. Isso vai servir também para pequenas empresas, como os brechós. Os brechós não são nossos concorrentes, são complementares, queremos criar mais ferramentas para eles gerenciarem suas peças. Queremos chegar a 2021 com 1 milhão de usuários. 

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