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Marcus Prado: mago pernambucano das morenas iluminadas

Técnica de mechas realça pontos de luz em cabelos castanhos, trabalhando variações graduais de tons, e se torna uma das mais pedidas no cenário local

Publicado em: 07/12/2018 09:21 | Atualizado em: 06/12/2018 12:01

Morenas iluminadas: a técnica preserva a cor natural da raiz dos cabelos e cria jogo de luz nos fios. Fotos: Marcus Prado/Arquivo pessoal

“Não quero ficar loira.” Esta é a frase que o hairstylist pernambucano Marcus Prado ouve todos os dias, repetidas vezes a cada dia. As mulheres que o procuram chegam ao salão munidas de “prints” do Instagram: as redes sociais superaram há muitas temporadas a televisão, e influenciadoras digitais correm à frente das personagens das novelas das oito. A busca pelo “loiro perfeito” perdeu força, enquanto a tendência das “morenas iluminadas” se alimentou de padrões estéticos propagados na internet e da crescente demanda por técnicas de colorimetria mais afinadas com a beleza brasileira. Mais quente e diverso, o país aglomera diferentes tons de pele e de olhos, pontos fundamentais para as análises visagistas, além de rotinas e estilos diversos. Nem todas encontrariam sua versão mais bonita sendo loiras. Nem todas querem ser.

“A mulher nordestina é bronzeada. As características pedem tons mais naturais, mais 'praia', cores mais quentes. Antes, os salões só ofereciam o loiro. Foi como eu vi uma oportunidade de criar. Não havia somente aquele tom de loiro, eu poderia criar diferentes tons para cada pessoa. Criar uma cor de cabelo ideal para cada pele”, explica Marcus Prado, que abriu as portas de seu salão no dia 31 de outubro, o Hannu Espaço de Beleza, instalado em Casa Forte, na Zona Norte do Recife.

Esquemas de "antes e depois" somam popularidade às redes sociais do pernambucano Marcus. Há diversos comparativos no Instagram do profissional. Fotos: Marcus Prado/Arquivo pessoal

Referência local na técnica de morenas iluminadas e popular no Instagram, rede onde exibe os trabalhos e soma curtidas com os “antes e depois” de suas clientes, Marcus tem agenda cheia e usa os perfis virtuais para anunciar desistências e possíveis encaixes. A técnica, segundo ele, consiste em revelar as tonalidades ideais para os fios, seguindo premissas visagistas, sem recorrer necessariamente ao loiro para transformá-los.

Quem decide se tornar uma morena iluminada deve se submeter não apenas à aplicação das mechas, mas a um tratamento que sucede a coloração, a fim de preservar o cabelo. “A transformação prevê um pacote, que inclui teste de mecha, execução das mechas e um tratamento, além da finalização com babyliss. Ninguém sai da minha cadeira sem o tratamento”, detalha o hairstylist.

Em casa, é necessário dar continuidade ao processo de manutenção de cor e os cuidados com os fios, hidratando semanalmente o cabelo e seguindo protocolo recomendado pelo especialista. A disciplina dá resultados: se bem tratados, os fios castanhos iluminados exigem retoque somente após seis a oito meses a partir da primeira coloração. A técnica, que deve estender seu alcance nas próximas temporadas, segue ganhando corpo no mercado pernambucano de beleza, onde o verão chega lançando luz – e calor – sobre a tendência para fazê-la prosperar.

Marcus vem estudando a tendência há anos e desenvolve combinações de tons personalizadas. Foto: Marcus Prado/Arquivo pessoal
ENTREVISTA: Marcus Prado, hairstylist especializado em “morenas iluminadas”

Como se tornou referência local entre quem procura a técnica? 
Trabalho desde os 17 anos de idade, frequentei o Senac, me formei em cortes em academias de cortes internacionais, estudei colorimetria no Recife, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Fui me apaixonando por colorimetria, conheci profissionais de São Paulo que foram me mostrando novas técnicas... Foquei nas morenas iluminadas há mais ou menos seis anos, quando ninguém fazia ainda [o procedimento]. Identifiquei aquele nicho. 

Poderia definir, em linhas gerais, o conceito de morena iluminada?
Basicamente, eu uso o tom natural que o cabelo da mulher revela para criar uma cor específica para ela. A gente faz um teste de mecha para saber como está a saúde do cabelo, até qual tom o cabelo dela pode “abrir” de forma saudável. Estudei visagismo, então eu analiso o tom da pele, o tom dos olhos, a sobrancelha. 

Quando começou a perceber maior procura pela técnica? Quando essa tendência se consolidou?
Há uns três anos. Naquele tempo, as clientes já chegavam ao salão pedindo o visual 'morena iluminada'. Antes, eu ia mostrando a técnica para as pessoas. Ia mostrando, usando argumentos do visagismo, explicando que aquele tom platinado não combinava com todo mundo. Hoje em dia, quando sentam na minha cadeira, já falam: quero me sentir morena ainda, não quero ficar loira. Todos os dias eu escuto esse pedido. A tendência está ganhando o mundo. Nomes do setor, como Romeu Filipe, que foi um dos meus mentores, está levando as morenas iluminadas do Brasil para todo o mundo. Vai ganhar mais e mais força.

Acredita que a tendência tenha nascido nas passarelas, novelas ou redes sociais… qual fonte é mais comum entre as referências mostradas pelas clientes?
Hoje, acho que 99% das minhas clientes chegam com fotos do meu perfil no Instagram e apresentam como referência. Não sinto mais tanto a influência das artistas de TV. Mas, pensando sobre isso, podemos observar que os ícones ricos das novelas já não são mais tão loiras. Há morenas iluminadas na televisão. Fátima Bernardes é um dos ícones da técnica. Acho que a tendência fez o caminho contrário ao que era tradicional: nasceu nas redes e influenciou a TV.

Acredita que as redes sociais, sobretudo o Instagram, têm ampliado seu impacto sobre as tendências de beleza? Como avalia essa mudança de comportamento?
Muito. E é algo muito positivo. Antes, quando a cliente vinha com cabelo de artista, na maioria das vezes, não conseguíamos reproduzir aquele efeito. Cabelo de artista é um cabelo sempre tratado, sempre cuidado, modelado. A tendência de seguir as redes sociais, onde vemos maior diversidade e representatividade, repercute num cabelo melhor para as mulheres. Sem a fantasia de se parecer com uma atriz da globo, que está sempre produzida. A cliente agora tem referências mais reais.

Celebridades e influenciadoras digitais propagaram a tendência na internet durante as últimas temporadas. Fotos: Pinterest/Divulgação

Há mais de um tom de mechas para as morenas iluminadas. Quais as variações principais? 
Uso muito os tons de caramelo, mel e avelã. São os tons que mais saem. Mas é importante frisar que existem variações de cor entre eles. Temos uma gradação de cor entre uma tonalidade e outra. No geral, avelã é mais acobreado, mel é mais dourado, caramelo é a junção dos dois. 

E quais os cuidados após o procedimento? Como cuidar do cabelo moreno iluminado?
Sempre passamos um kit de manutenção, dependendo da estrutura de cada cabelo. A morena iluminada deve tratar seu cabelo uma vez por semana, em casa. Deve vir ao salão uma vez por mês, quando normalmente fazemos um procedimento. O retoque é feito de seis a oito meses, em média.

Cabelo tem relação direta com estilo. Seria possível traçar um perfil das mulheres que mais procuram ou que mais combinam com os castanhos iluminados? 
São mulheres mais neutras, mais chiques. Elas não gostam do cabelo que chega antes delas. Elas querem que o cabelo seja um detalhe, uma parte do todo. Que as pessoas vão percebendo, vão comentando depois que a veem.

>> O SALÃO
Marcus Prado atende no Hannu Espaço de Beleza, que abriu as portas no dia 31 de outubro. Instalado em Casa Forte (Rua Jader de Andrade, 160), Zona Norte do Recife, o empreendimento é comandado pelo hairstylist em parceria com Marcelo Prado e Flávio Mayrinck. Agendamentos podem ser feitos por telefone, WhatsApp ou Instagram (@hannu_zonanorte). Informações: (81) 3038-3550
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