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Preciosismo, nostalgia e fluidez: tudo sobre a Semana de Alta-costura de Paris

Fluidez, transparências, estilo boho e estampas florais foram o destaque na Semana de Alta-Costura de Paris, capital internacional da moda, dando início às apostas de 2018

Publicado em: 06/02/2018 11:06 | Atualizado em: 02/02/2018 16:39

Semana de Alta-costura, uma das mais luxuosas do mundo da moda, foi pontuada por homenagens a mestres e ao preciosismo das roupas feitas à mão. Na foto, desfile da Dior. Foto: AFP/Divulgação


Com informações da AFP

“Esse futuro surge do passado”, declarou Pierpaolo Piccioli, diretor criativo da Valentino, nos bastidores da Semana de Alta-Costura de Paris, na França. A frase poderia ser uma síntese da essência cíclica da moda. E também do que se viu na capital francesa nas últimas semanas, quando as passarelas exibiram para o mundo as transparências, peças fluidas, estampas florais e delicadezas afins. A essência do couture, os rituais minuciosos de produção das peças e as entrelinhas do processo criativo da moda foram reverenciados na capital francesa, anunciando que o preciosismo, a personalização e a exclusividade de outras épocas estarão logo ali à frente, no futuro.

Entre os destaques da temporada, a Valentino exibiu volumes, capas e tafetás, além de drapeados, vestidos florais e peças em tons saturados de verde, lilás, fúcsia. Brincando com as extravagâncias dos anos 1980, Piccioli se aprofundou nos conceitos que havia apresentado em Nova York, no pre-fall 2018 da grife, quando declarou ter buscado inspiração em catálogos da Valentino dos anos 1960 a 1980. Delineadores coloridos e chapéus com plumas assinados pelo icônico modista Philip Treacy complementaram o figurino tão futurista quanto retrô.

Volumes da Valentino chamaram a atenção na passarela francesa. Fotos: Getty Images/Divulgação


No desfile da Chanel, fúcsia outra vez. As flores e os tons de rosa disputaram atenções apenas com a mudança de visual do estilista Karl Lagerfeld, conhecido como czar da moda internacional, que deixou a barba crescer. Criador de passarelas monumentais, o designer escolheu transformar o emblemático Grand Palais em um sóbrio jardim francês onde as modelos, usando flores e redes pretas, caminhavam como jovens vestidas de princesas. Estrelas em ascensão, como a holandesa Luna Bijl, a americana Cara Taylor e a filha de Cindy Crawford, Kaia Gerber, roubaram a cena, sendo Bijl, de 19 anos, a responsável por abrir e encerrar a apresentação.

Gerber, de 16 anos, não apenas desfilou novamente com a lendária marca fundada por Coco Chanel, como Lagerfeld anunciou na semana passada que ela desenhará uma coleção cápsula para sua marca epônima. Vestidos primaveris combinados com botas brilhantes, roupas ajustadas na cintura, laços e tules entraram em cena, mas a visita às origens da grife fundada por Coco Chanel protagonizou o momento com propostas em branto, tons pastéis e luvas pretas brilhantes. Ternos de tweed e casacos retos com ombreiras e golas levantadas, além de saias em formato de sino na altura dos joelhos – com o tweed repetido nas botas – também se destacaram. Lagerfeld voltou a dar destaque a seu afilhado e protegido, Hudson Kroenig. Com nove anos, ele desfilou vestido de branco, passando pelas modelos com um cesto cheio de rosas.

Muitas flores e tons de rosa foram as apostas da Chanel. Foto: AFP/Divulgação


O jardim fúcsia da Chanel disputou atenção com o novo visual de Karl Lagerfeld, agora com barba. Fotos: AFP/Divulgação (desfile) e Getty Images/Divulgação (Karl)


Nostálgica, a Semana de Alta-Costura revisitou o passado também no desfile de primavera-verão 2018 de Gaultier, transformado num tributo ao mestre Pierre Cardin. “Ele sempre foi livre e permanece um homem livre que faz o que quiser”, pontuou Jean Paul Gaultier, cujo primeiro trabalho da vida era ser assistente de estúdio do estilista italiano naturalizado francês nos anos 1970. Cardin assistiu a tudo na primeira fila, enquanto franjas, pop art, preto e branco, produções monocromáticas e referências aos seus modelos futuristas cruzaram a passarela. Ao final, a modelo canadense Coco Rocha, grávida, surgiu acompanhada pela filha de 2 anos, Ioni, e coroou com doçura a performance. As modelos Naomi Campbell e Eva Hercigova, as cantoras Willow Smith e Jhene Aiko e o rapper Big Sean compareceram ao evento, um dos mais luxuosos do mundo da moda, acompanhado nas redes sociais por interessados de todo o planeta.

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Novo visual
A nova imagem do designer alemão Karl Lagerfeld disputou os holofotes com as criações assinadas por ele para a temporada de primavera-verão da Chanel. Aos 84 anos, seu look inconfundível de cabelo branco preso em um rabo de cavalo, óculos escuros pretos e gola da camisa engomada, Lagerfeld incorporou uma barba branca, algo indisciplinado, que o público apreciou ao cumprimentá-lo.

Brasileira em cena
A blogueira mineira Camila Coelho, que acumula quase 7 milhões de seguidores no Instagram, estreou na Semana de Alta-Costura de Paris. Rosto recorrente nas primeiras filas da plateia, cruzou a passarela vestida de noiva pela Ralph & Russo. O vestido tomara-que-caia de seda, bordado com cristais Swarovski e flores, é fruto de parceria entre a brasileira e os estilistas Tamara Ralph e Michael Russo.

A brasileira Camila Coelho "trocou" a primeira fila pela passarela e desfilou vestida de noiva. Foto: AFP/Divulgação


Futurismo e surrealismo
Enquanto a Armani Privé apresentou uma coleção sóbria, grifes como a japonesa Yuima Nakazato mergulharam fundo no futurismo. Nakazato quis olhar para o futuro, vestindo suas modelos com trajes espaciais, com direito a capacete. No caso da Dior, o surrealismo impregnou toda a coleção assinada por Maria Grazia Chiuri, que voltou a agitar a bandeira feminista homenageando a falecida artista argentina Leonor Fini. Um universo onírico em preto e branco acolheu o seleto público no majestoso museu Rodin.

Chiuri, à frente da criação artística feminina da Dior há um ano e meio, voltou às origens da marca para criar delicados vestidos de noite, de organza e tule plissado, alguns cobertos de plumas, outros completamente transparentes, cuja confecção demandou, em alguns casos, mais de mil horas de trabalho manual. "Antes de ser estilista, Christian Dior era proprietário de uma galeria de arte e ofereceu a Fini sua primeira exposição. Eram muito próximos", explicou a diretora artística, usando camiseta com a frase “we should all be feminists” (deveríamos ser todos feministas).

O futurismo da Dior foi um dos destaques da temporada. A coleção, assinada por Maria Grazia Chiuri, homenageou a argentina Leonor Fini. Foto: AFP/Divulgação

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