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Modelo ganha passarelas internacionais e celebra Pernambuco: 'meu lugar no mundo'

Bruna Gadelha cresceu na capital pernambucana, onde foi descoberta por agência de modelos e deu início a uma carreira de sucesso no mundo da moda

Publicado em: 26/02/2018 18:29 | Atualizado em: 27/02/2018 09:59

Bruna Gadelha tem 24 anos, nasceu em Coimbra, Portugal, e cresceu na capital pernambucana. Fotos: Acervo pessoal/Divulgação


Foi no Recife, cidade onde cresceu, que Bruna Renata de Albuquerque Gadelha se transformou em modelo. Ou descobriu que esta era, desde o princípio, a sua aptidão. Nascida em Coimbra, em Portugal, Bruna tinha 14 anos e vivia na capital pernambucana quando cruzou uma passarela pela primeira vez, a convite da agência Mega Model. Hoje, aos 24, estrela campanhas internacionais para marcas como Michael Kors e Maybelline, tendo feito seu nome fora do Brasil.

“Pernambuco é o meu lugar no mundo. Nós somos guerreiros, sonhadores, cheios de força e perseverança. A família da minha mãe saiu do sertão, com muita garra e muita luta conseguiram se firmar na cidade grande. Esta é a história de muitos nordestinos, é a minha história. E é com essa postura e firmeza que eu enfrento o mercado”, ela diz sobre seu posicionamento no setor. Após temporada em Milão, na Itália, está prestes a embarcar para temporada em Miami, nos Estados Unidos.  

Seus pais e suas quatro irmãs seriam, segundo ela, os principais responsáveis para uma jornada bem sucedida na indústria da moda –  terreno onde Bruna pôs os pés ainda na adolescência. Naquela fase, chegou a ouvir que jamais se tornaria uma modelo de sucesso, a menos que se submetesse a uma cirurgia plástica no nariz. “Minha mãe estava comigo naquele momento, minha primeira conversa com uma agência séria. Ela disse que eu não faria [o procedimento]”, lembra. Daquele episódio, levou o conselho que costuma oferecer às meninas em início de carreira: nunca desistir do sonho.

Bruna passou temporada em Milão, na Itália, e agora se prepara para embarcar rumo a Miami, nos Estados Unidos. Fotos: Acervo pessoal/Divulgação


Aos 17 anos, parou temporariamente de modelar e fez curso para atuar como aeromoça: “Eu sonhava em viajar o mundo e achei que ali poderia me encontrar”, revela. Chegou a cursar Letras na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e Direito na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Mas o chamado da moda falou mais alto. Ainda na faculdade, foi novamente descoberta – desta vez por Viviani Soratto, da Amazing Model do Recife – e embarcou, no mês seguinte ao primeiro contato entre as duas, para sua primeira temporada internacional.

Hoje, com dez anos de experiência nos bastidores da moda e 1,74 m de altura, o dia a dia de Bruna é cheio de disciplina e pequenas rotinas. “Eu acordo cedo, penso em cinco coisas pelas quais sou grata, tomo uma colher de vinagre de maçã, uma xícara de água quente com limão, medito, faço yoga, como meu café da manhã e vou para academia. Essa é a rotina que sigo todos os dias em qualquer lugar do mundo. Depois começo o meu dia, que varia entre trabalhos e castings”, ela explica, hoje estabelecida em Milão, na Itália. Da vida em Pernambuco, sente falta do sotaque, do sol e da água de coco na beira da praia. “Saudade de ouvir aquele 'oxente' no meio de uma frase, de escutar alguém dizer 'visse'”, conta. 

Bruna se empoderou através da moda e diz que deve tudo ao suporte de sua família. Foto: Acervo pessoal/Divulgação


Ao Diario, Bruna Gadelha (@brunagadelha, no Instagram) falou sobre memórias afetivas na capital pernambucana, a relação com a família e os padrões de beleza nos bastidores da moda. Confira entrevista completa:

>> ENTREVISTA: Bruna Gadelha, modelo

Como começou a carreira como modelo?
Aos 12 anos participei do meu primeiro concurso. Nunca vou esquecer a primeira vez que me olhei no espelho maquiada e fiz as primeiras fotos. Mas a minha carreira começou aos 14 anos, quando a Mega Model de Recife me chamou para participar do fashion week do nosso estado. 

Chegou a tentar outras funções profissionais? Quando percebeu que a moda era seu caminho, foi uma decisão natural ou demorou a aceitá-la?
Desde muito nova, as pessoas falavam para minha mãe que eu deveria ser modelo. Era uma criança ainda e minha preocupação era não perder o desenho que estava passando na televisão ou a hora de brincar de casinha com as minhas amigas. Lembro que um dia estava assistindo televisão quando passou uma chamada do São Paulo Fashion Week. Vi as modelos na passarela e pensei: eu posso fazer isso. Naquele momento, entendi que aquele era o meu sonho. Surgiu uma vontade naturalmente. 

Qual o papel de sua família na sua carreira?
Minha família é a base de tudo na minha vida. Meu pai, Carlos Gadelha, foi jogador de futebol. Nasci em Portugal enquanto ele estava realizando seu sonho de jogar na Europa. Sempre me vejo nele. E ele sempre me disse “vá, minha filha, o mundo é seu”. Minha mãe é o alicerce. Ela abriu mão dos próprios sonhos quando muito jovem pelo sonho do meu pai, depois pelos sonhos das quatro filhas. Sempre me acompanhou em tudo. Sempre esteve ao meu lado, sempre me apoiou em tudo, incondicionalmente. A minha família é tudo na minha vida, eu jamais conseguiria nada sem o apoio deles. 

Quais os principais desafios de se firmar como modelo?
São muitos. Mas acredito que adquirir uma estabilidade emocional é o maior deles. Porque você muda muito. Você cresce dentro desse mercado. Normalmente somos crianças e precisamos encarar tudo com a seriedade de um adulto. Existe hora, existem regras, existem medidas, mercados, culturas, diferentes línguas e uma saudade sem fim. Você precisa ser forte e constante. É um grande desafio.

Com 1,71m de altura, a jovem tem rotina disciplinada e vê a estabilidade emocional como principal desafio nos bastidores da moda. Fotos: Acervo pessoal/Divulgação


E o que você mais gosta na sua profissão?
Eu amo conhecer novas culturas, falar diferentes idiomas. Poder ver o mundo com os meus próprios olhos e ajudar outras pessoas nesse caminho é algo que me faz ser extremamente grata ao meu trabalho. 

Em relação ao questionamento de padrões de beleza opressores, acredita que a indústria da moda está “evoluindo” nesse sentido? Se tornando mais aberta, revendo seus padrões?
Infelizmente, não acredito. Eu estou dentro do mercado, essa é a visão de alguém que está em Milão, em um dos maiores mercados da moda. No meio da semana de moda, e eu preciso dizer que não. Aqui e onde a moda lidera os castings directors pedem por meninas extremamente magras e altas. Não existe uma preocupação com o que essa menina está fazendo para alcançar essa magreza. Existe um exame de saúde, que é uma simples medida de pressão e algumas perguntas. Acredito que precisa existir uma pressão maior da mídia e da sociedade para o bem dessas meninas tão novas, tão cheias de sonhos que fariam qualquer coisa inclusive ficar sem comer para alcançá-los. 

Tem sido incentivado o empoderamento de mulheres empreendedoras, independentes, autonomas. Você se considera uma delas? Como a moda te ajudou a se empoderar?
Com toda certeza, o meu trabalho depende de mim. Claro que contamos com o apoio de muitas pessoas, mas no final tudo depende de nós. Vivo 24 horas do meu dia trabalhando na minha principal ferramenta de trabalho que sou eu mesma. A história de Coco Chanel e tantas outras mulheres incríveis no meio da moda me ensinou a ser a mulher forte e segura que sou hoje.

E qual conselho daria a uma menina que sonha em ser modelo fora do país?
Não desista. Seja lá qual for o seu sonho. Acredite e persista. Tenha disciplina e foco que você vai alcançar seus objetivos!  Para quem quer ser modelo em específico, procure agências sérias, pessoas que acreditem e caminhem junto com você. Você é linda (o). Você não precisa mudar quem você é para fazer o que você ama! Não precisa ser igual aos outros modelos que você vê. Seja você. E tudo vai acontecer! 

Poderia citar um momento marcante de sua carreira?
Cada conquista foi muito marcante para mim. Nunca vou esquecer meu primeiro desfile logo após ter escutado que eu nunca seria modelo se não fizesse uma cirurgia no nariz aos 14 anos de idade. Nunca fiz nenhuma cirurgia. Apenas procurei outra agência que me representou exatamente como eu sou. Recentemente, me marcou muito me ver fotografando para marcas que admiro tanto quanto Michael Kors e Maybelline. 

Como descreveria o momento atual de sua carreira? Há algo previsto para um futuro próximo que gostaria de destacar?
Eu estou vivendo o melhor momento da minha vida. Minha fase adulta, mulher, segura de mim, de quem eu sou e consciente do meu propósito nesse mundo. Quero ter a oportunidade de ajudar mais pessoas. De propagar o amor, a si mesmo, ao próximo. De conversar mais sobre meu estilo de vida vegano. De conscientizar às pessoas sobre o cuidado com o nosso planeta!  Terminando temporada em Milão estou embarcando para Miami muito feliz com tudo que está por vir em um futuro bem próximo.

Yoga e meditação fazem parte da rotina matinal de Bruna, que compartilha parte de seus trabalhos em perfil no Instagram. Foto: Acervo pessoal/Divulgação


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