Protesto
Moda como protesto: contra assédio e desigualdade de gênero, celebridades vestem preto no Globo de Ouro
Atores e atrizes vestiram ternos e vestidos escuros, como forma de chamar atenção para o assédio sexual em Hollywood, sob o apelo "Time's up"
Por: AFP
Por: Diario de Pernambuco
Publicado em: 08/01/2018 14:23 | Atualizado em: 08/01/2018 14:29
A cerimônia de entrega dos Globos de Ouro costuma ter um tapete vermelho marcado por brilho e cor. Mas este ano se tingiu de preto. As celebridades de Hollywood se vestiram com ternos e vestidos escuros, como forma de chamar atenção para o assédio sexual no mundo do entretenimento, evidenciado com os escândalos em torno do produtor Harvey Weinstein, e seguiu, como um efeito dominó, atingindo muitos outros nomes da indústria.
"No Domingo Vestimos Preto em solidariedade com os homens e as mulheres de todo o mundo que foram silenciados por discriminação, assédio e abuso", destacou no Twitter a organização Time's Up (Acabou o tempo), lançada por centenas de mulheres de destaque em Hollywood para financiar a defesa de vítimas de agressões sexuais no trabalho. Não apenas as mulheres, mas também os homens chegaram ao Beverly Hilton para a primeira grande festa de temporada de premiação da indústria cinematográfica vestiram, na grande maioria, preto básico, muitos comum broche da Time's Up na lapela para reforçar a mensagem.
Os únicos toques de cor foram detalhes: uma faixa verde brilhante na sombra dos olhos, um pedaço de tecido branco no decote, algumas lantejoulas no corpete. "Agora as pessoas são conscientes de um desequilíbrio de poder. Isso levou ao abuso na nossa indústria (...) Está em todo lugar", disse Meryl Streep, indicada ao prêmio de melhor atriz dramática por "The Post: a Guerra secreta", ao passar pelo tapete vermelho.
Streep, no centro de uma tempestade sobre o caso Weinstein por causa dos vários filmes em que trabalhou com o produtor, chegou acompanhada de Ai-jen Poo, diretora da Aliança Nacional de Trabalhadoras Domésticas, como sua acompanhante na cerimônia. A iniciativa Time's Up deu especial ênfase em suas "irmãs" que fazem trabalhos menos glamourosos. Três vezes ganhadora do Oscar, Streep disse que homens e mulheres de Hollywood agora se sentem "incentivados a se unir em uma grossa linha preta".
De fato, muitos homens de Hollywood já tinham anunciado que vestiriam roupas pretas. Muitos também usaram camisas pretas e declararam seu apoio à causa ao desfilar pelo tapete vermelho. "Não acho que seja um protesto silencioso. Isto fará as pessoas falarem sobre o tema", disse à AFP David Thewlis, protagonista do sucesso de bilheteria em 2017, Mulher maravilha. "Como pai, como marido, por que não seria 100% a favor disso?", questionou.
A ganhadora do Oscar Catherine Zeta-Jones, protagonista da bem sucedida série de televisão Feud: Bette and Joan, escolheu um vestido preto justo com lantejoulas delicadamente bordadas e brincos verde esmeralda. "O que vestimos não é uma declaração de moda. É uma declaração de ação. É uma mensagem direta de resistência", escreveu a atriz e diretora Amber Tamblyn em um artigo de opinião para o The New York Times. "Esta noite não é de luto. Esta noite é um despertar".
Homenageada no palco da solenidade pelo conjunto da obra, a atriz e apresentadora Oprah Winfrey – que atuou em títulos como A cor púrpura, O mordomo da Casa Branca e Selma: uma luta pela igualdade – fez um dos discursos mais aclamados da noite. Sintetizou o propósito do “luto” no tapete vermelho e, carregando o troféu Cecil B. DeMille, recebeu aplausos longos da plateia de estrelas. Oprah falou sobre racismo, machismo e assédio sexual. Mas, sobretudo, sobre a força das mulheres e sobre o despertar de um novo tempo, um tempo de igualdade, respeito e empoderamento.
“Eu quero todas as garotas assistindo aqui, agora, saibam que um novo dia está no horizonte! E quando esse novo dia finalmente amanhecer, será por causa de muitas mulheres magníficas, muitas das quais estão aqui neste auditório esta noite e alguns homens fenomenais, lutando para garantir que se tornem os líderes que nos levam ao tempo em que ninguém nunca mais terá de dizer 'eu também'”, ela discursou. Oprah ressaltou, ainda, ser a primeira mulher negra a receber aquela premiação no Globo de Ouro. E disse: “Por muito tempo, não ouviam as mulheres, ou não acreditavam nelas quando ousavam falar a verdade sob o poder desses homens. Mas esse tempo acabou. Esse tempo acabou.”
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