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Na França Paris inaugura o Museu Yves Saint Laurent O espaço, inaugurado oficialmente nessa quinta-feira (28), abrirá suas portas para o público na próxima terça-feira (03).

Por: AFP - Agence France-Presse

Publicado em: 30/09/2017 12:00 Atualizado em:

Yves Saint Laurent entrou para a história como o estilista do século 20 que transgrediu os códigos para empoderar a mulher. Agora Paris abre as portas da maison onde ele confeccionou sua revolução na moda. O novo museu, em um palacete com grandes janelas em uma esquina da luxuosa avenida Marceau, convida a um mergulho no mundo da alta-costura, em uma época que as mulheres ricas encomendavam roupas sob medida para cada ocasião do dia.

Entre 1974 e 2002, Saint Laurent trabalhou nas salas do palacete as coleções que transformaram para sempre o vestuário feminino. Foi seu companheiro e cofundador da marca, Pierre Bergé, que morreu neste mês, que se empenhou para transformar esse recanto histórico em um museu. A cidade de Marrakech, em que o estilista francês nascido na Argélia passou longas temporadas até sua morte em 2008, também abrirá em 19 de outubro um museu em sua homenagem.

Demitido da Dior

Saint Laurent, que se tornou o diretor artístico mais jovem do mundo quando assumiu, aos 21 anos, o cargo na Dior, criou sua própria marca junto a Pierre Bergé quatro anos depois, em 1961. A marca de alta-costura o demitiu um ano antes da abertura de sua marca, após seis coleções, cada uma mais vanguardista que a outra - a última incluía uma inédita jaqueta de couro -, oficialmente porque o estilista sofreu uma depressão após ter sido convocado para lutar na guerra da Argélia.

A ascensão de Saint Laurent foi brilhante. Em 1972, outro ícone revolucionário daqueles anos difíceis, Andy Warhol, o imortalizou com quatro retratos serigrafados, que abrem a visita ao museu. A famosa frase de Bergé, "Chanel deu a liberdade à mulher, Saint Laurent lhe deu o poder" é vista em seguida, junto à exposição das quatro peças principais que o estilista criou para a mulher, apropriando-se do guarda-roupa masculino.

O smoking, a jaqueta saariana, a gabardina (ou "trench coat", casaco usado na guerra) e o macacão (inspirado nos usados pelos aviadores) foram constantes nas coleções do estilista, que tem cerca de 7.000 peças de alta-costura conservadas no museu.Somente 50 estão em exposição, mas as peças serão trocadas de tempos em tempos para preservar os tecidos, muito sensíveis à exposição na luz.

Tailleur intacto

O homem que quis "acompanhar a mulher nesse grande movimento de libertação" do século XX trabalhava em um ateliê conservado intacto, com um grande espelho onde avaliava a evolução de suas criações em suas modelos de carne e osso, já que não usava manequins.

Duas grandes mesas e estantes repletas de livros completam o "gabinete de curiosidades" de Saint Laurent, com os óculos do estilista deixados junto a seus croquis, várias fotos penduradas de sua amiga Catherine Deneuve e até um cartão de natal com seu cachorro Moujik desenhado por Andy Warhol com a palavra "Love".

A moda e a arte

Para a moda, Saint Laurent foi uma fonte de imaginação, que mesmo sem viajar recriava culturas distantes, desde o traje do toureiro espanhol até o do folclore eslavo, em sua famosa coleção "Balés russos". A arte representou outra fonte inesgotável de inspiração para o estilista, e o museu expõe um vestido de noite que remete a uma obra de Picasso, além do vestido coquetel com formas geométricas que lembra Mondrian, uma de suas criações mais emblemáticas.

"Antes de tudo, tenho respeito por esse ofício, que não é realmente uma arte, mas que precisa de um artista para existir", disse Saint Laurent. O museu, inaugurado oficialmente nessa quinta-feira (28), abrirá suas portas para o público na próxima terça-feira (03).



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