Bastidores
Melissa abre as portas da fábrica pela primeira vez e desfila coleção Mapping
Funcionários da fábrica em Fortaleza (CE) e modelos apresentaram a coleção de verão da Melissa, que mostrou os bastidores da fabricação das sandálias da matéria-prima à finalização
Por: Larissa Lins - Diario de Pernambuco
Publicado em: 12/06/2017 07:00 Atualizado em: 09/07/2017 15:32
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Na fábrica de Fortaleza, no Ceará, era possível ver nas esteiras peças da última coleção, a Flygrl (foto), e da nova coleção. Foto: Melissa/Divulgação |
Fortaleza – Abertas as portas da Fábrica da Melissa em Fortaleza, no Ceará, tudo cheira a plástico e chiclete. Os galpões de uma das quatro unidades produtivas instaladas no Nordeste do país (são três no Ceará e uma na Bahia, além da unidade na qual são concebidas as peças piloto, no Rio Grande do Sul) foram escolhidos como cenário para o desfile da coleção Verão 2018 da marca. Intitulada MAPPING, a nova série de sandálias está em fase de pré-venda no site e nas lojas e é inspirada em mapas, coordenadas, localizações, na arquitetura e no mapeamento de moda e comportamento ao redor do mundo. Ganhou os holofotes onde também ganhou vida: mais de cem pessoas, entre modelos e funcionários do Grupo Grendene, percorreram rampas e contornaram o maquinário da fábrica para apresentar os lançamentos nos pés.
“A coleção tem a ver com identidade, mas também com os lugares onde cada pessoa se posiciona no mapa. E não de forma isolada, mas de modo a se conectar com os outros. A ideia é celebrar essa conexão, que é o Mapping, no sentido de criar um grande contexto agregador de pessoas e suas histórias”, explica Edson Matsuo, diretor criativo da marca há mais de 30 anos. Revisitando clássicos da Melissa em novas cores e modelagens, MAPPING reúne peças 100% feitas de plástico, entre plataformas (Mar Wedge, R$ 160), sandálias (Beach Slides, R$ 100) e alpargatas (Ladyless, R$ 140).
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Modelos e funcionários da Grendene desfilaram os lançamentos da Melissa dentro da fábrica. Fotos: Melissa/Divulgação |
Juntos, os solados de todos os itens formam o mapa de Farroupilha (RS), onde nasceu o selo Melissa, um dos braços do Grupo Grendene, há quase quatro décadas. “As pessoas andam com os calçados, é como elas se movem e vão em direção àquilo que com o que querem se conectar. Farroupilha é o grande ponto de conexão da história da Melissa, onde tudo começou”, detalha Matsuo.
O lifestyle proposto pela marca, que sugere o consumo de um conceito (um comportamento jovial e urbano) além das tendências de moda embutidas nas sandálias, é reforçado dentro da fábrica, em Fortaleza, chamada de Fábrica de Sonhos. Divididos em três turnos, os operários manipulam o PVC (plástico do tipo policloreto de polivinila), principal matéria-prima dos artigos, de seu estado bruto até a finalização das peças, produzindo 40 mil pares de sandálias por dia.
Nos últimos sete anos, a produtividade do grupo aumentou em 50% - “sem levar em conta o nível de complexidade da produção e montagem dos produtos, que aumentou consideravelmente nesse intervalo”, acrescenta Nelson Rossi, diretor industrial da Grendene. O cheiro de chiclete entranhado nos galpões contribui para a criação de uma atmosfera de glamour em torno do ciclo produtivo das melissas – um trunfo sempre positivo no mundo da moda.
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As sandálias rodavam nas esteiras da fábrica, uma das principais unidades produtivas da Melissa. Somadas, as fábricas produzem 10 pares de Melissa por segundo. Fotos: Larissa Lins/DP |
Nas esteiras, as sandálias brotam em sequência: ora sendo montadas, ora embaladas, vão revelando apostas da temporada. Preto, rosa choque, rosa candy, branco, vermelho bordô e azul marinho são algumas das cores na cartela da MAPPING, que dá destaque às sandálias com fivelas, saltos plataforma e formatos anatômicos. “Damos opções de cores e sensações, é claro, mas o que vale é aquilo a que cada pessoa se conecta. Não temos a arrogância de determinar o que você deve calçar, de qual cor ou modelo de sandália deve gostar mais. Nós temos estudos, temos as emoções das pessoas que criaram as peças, e servimos isso numa grande bandeja, da qual cada pessoa deve retirar aquilo que fizer mais sentido para ela”, dita Edson Matsuo.
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Na fábrica, tudo cheira ao plástico da Melissa. À esquerda, essências (inclusive aromáticas) e matérias-primas. À direita, moldes das peças fabricadas. Fotos: Larissa Lins/DP |
A composição vegana (as melissas não têm nenhum componente de origem animal), os moldes “diferentões” e as parcerias com nomes como Vivienne Westwood, Vitorino Campos, Jeremy Scott e Alexandre Herchcovitch põem a Melissa em sintonia com a moda urbana contemporânea e com valores do slow fashion. Segundo Matsuo, a apresentação de valores em vez de tendências é uma das principais diretrizes do design atual, o que justifica o cuidado em conceber um lifestyle que vá além das sandálias. “De que adianta ser vegano e 'devorar' o colega do lado? Nossa proposta é repassar felicidade através da moda, da arte, do design. A virada se deu nos anos 1990, quando assumimos que uma Melissa não era somente um sapato, mas um estilo de vida”, avalia.
*A repórter viajou a convite da Melissa
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A parceria com nomes icônicos da moda é um dos trunfos da Melissa para se manter "cool" e agregar valor à marca. Na foto, coleção em parceria com Jeremy Scott. Foto: Melissa/Divulgação |
>> CURIOSIDADES: por dentro da Fábrica dos Sonhos
10 pares de sandálias são produzidos a cada segundo na Melissa, somando as atividades das oito estações produtivas da marca, instaladas no Nordeste e Sul do país.
O cheiro de chiclete é adicionado ao PVC, principal matéria-prima das sandálias, logo nos primeiros estágios da produção.
20 mil pessoas trabalham nas fábricas da Melissa, sendo 18 mil no Nordeste (Ceará e Bahia) e 2 mil no Sul (Rio Grande do Sul).
Melissa era uma ninfa grega que teria ajudado a amamentar Zeus com néctar das flores, o mel, e seu corpo teria sido transformado em abelhas após a morte.
40 designers são responsáveis por conceber as peças, entre sandálias e bolsas. Eles são coordenados por Edson Matsuo, diretor criativo da marca há mais de 30 anos.
O digital influencer Hugo Gloss e a atriz Thayla Ayala também foram convidados para o desfile da coleção de verão da Melissa, dentro da fábrica cearense.
R$ 2 milhões, aproximadamente, foram investidos na fábrica da Melissa em Sobral (CE), a fim de torná-la sustentável. Com isso, R$ 400 mil são economizados por ano em taxa de esgoto e houve grande redução no impacto ambiental na região.
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A Melissa Mar Wedge (esquerda) e a Melissa Vixen (direita) são destaques da nova coleção, intitulada Mapping. Fotos: Melissa/Divulgação |
>> DUAS PERGUNTAS: Rudimar Dall'Onder, presidente do Grupo Grendene/Melissa
Qual a importância da região Nordeste no ciclo produtivo da Melissa?
A região Nordeste é parte fundamental da nossa trajetória. Nos anos 1990, quando o Grupo Grendene começou a crescer e surgiu a necessidade de expandirmos nossos negócios, o Ceará foi o estado que nos acolheu. Tivemos incentivos fiscais para a instalação de nossa primeira fábrica na região e, naquela década, começamos a operar em Fortaleza, Sobral e no Crato. Depois, abrimos uma pequena unidade produtiva na Banhia. O Nordeste é também um grande mercado consumidor.
Quais os principais desafios para uma marca se manter relevante num mercado de moda cada vez mais competitivo, com lojas virtuais, redes sociais e uma veloz inovação tecnológica?
Precisamos estar na ponta da tecnologia, conhecer o que existe de melhor. Mas também estamos convencidos de que a evolução da companhia depende diretamente de cidadãos mais evoluídos, de colaboradores mais evoluídos. Precisamos transferir conhecimento e ferramentas às pessoas para que elas deem o seu melhor. Com isso, beneficiamos a sociedade e temos colaboradores cada vez mais sintonizados com os ideais da marca, que se propõe a ser uma marca feliz. Uma marca, um estilo de vida, um conceito, tudo isso é feito de pessoas. Elas são a chave.
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