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Sustentabilidade Moda pernambucana e sustentável na itinerante Casa Viva Iniciativa pernambucana reúne marcas locais e nacionais com proposta artesanal em evento itinerante cuja primeira edição de 2017 vai de 2 de maio a 15 de junho

Por: Larissa Lins - Diario de Pernambuco

Publicado em: 02/05/2017 19:08 Atualizado em: 02/05/2017 12:17

A pernambucana Vivian Lima decidiu criar a Casa Viva para dar vitrine a pequenas marcas do estado e de outras regiões do país, com proposta artesanal e sustentável. Foto: Casa Viva/Divulgação
A pernambucana Vivian Lima decidiu criar a Casa Viva para dar vitrine a pequenas marcas do estado e de outras regiões do país, com proposta artesanal e sustentável. Foto: Casa Viva/Divulgação

Você já se perguntou quanto custa ao seu bolso e ao meio ambiente o transporte de roupas entre diferentes países, diferentes continentes? Combustível queimado, rotas desbravadas, novas tributações. Eliminar esses prejuízos está entre as principais vantagens de incentivar a cadeia produtiva local. A exclusividade das peças, produzidas em pequena escala, e a valorização de matérias-primas e referências culturais do estado também entram na conta, rebocando valores do slow fashion (consumo de menos peças com maior qualidade e boa procedência) e da moda sustentável. Foram intentos assim que permearam o nascimento do projeto Casa Viva, idealizado pela empreendedora pernambucana Vivian Lima, que chega nesta terça-feira (02) à sua oitava edição, a primeira em 2017.

“Partimos da necessidade de dar vitrine a produtos autorais. Gosto de dizer que sou uma garimpeira, isso está no meu sangue. Pensei: por que não reunir trabalhos desse tipo e mostrar às pessoas? Há muitas iniciativas locais cujas roupas e acessórios são inspirados em livros, filmes, personagens do imaginário popular brasileiro, da cultura do nosso estado, mas elas nem sempre têm espaço”, conta Vivian, que assina a curadoria da Casa Viva desde sua criação, em 2013. Os pontos em comum entre as marcas participantes se mantêm: criações exclusivas, artesanais, sustentáveis, criativas. Vitalina, Trocando em Miúdos, Tamarinda, Tout Joalheria Artesanal, Casa 87, Cabaré Fantasma e Gene Handbags estão entre as pernambucanas envolvidas na nova edição, que ocupa loja do Shopping RioMar, na Zona Sul do Recife, entre 2 de maio e 15 de junho, no horário de funcionamento do centro de compras.

Vivian começou reunindo poucas marcas numa sala alugada em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Agora, a Casa Viva se instala em shoppings e tem mais de 40 selos no catálogo colaborativo. Foto: Casa Viva/Divulgação
Vivian começou reunindo poucas marcas numa sala alugada em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Agora, a Casa Viva se instala em shoppings e tem mais de 40 selos no catálogo colaborativo. Foto: Casa Viva/Divulgação
Nos quatro anos de realização do projeto, Vivian diz ter testemunhado um amadurecimento do mercado local quanto à aceitação de pequenos selos, o que tem sustentado a realização de duas edições por ano da pop up (a segunda edição deste ano está prevista o período natalino). “Quando me envolvi com moda, há cerca de dez anos, havia muita resistência. Abri um espaço de pequenas marcas autorais e fechei as portas em menos de um ano. As pessoas entravam e perguntavam qual a marca disso, qual a grife daquilo… Elas não eram abertas ao novo, aos pequenos produtores, ao manufaturado, e era muito difícil nadar contra essa corrente. Agora, como reflexo do slow fashion e do slow design, algo que se difundiu por todo o mundo, o público passou a valorizar a produção local”, analisa. As proporções comprovam: em quatro anos, a Casa Viva ampliou seu catálogo de quatro para mais de 40 expositores.

As marcas, por sua vez, visam ampliar a fatia de público alcançada, mas não a escala de produção: a fabricação massiva iria de encontro aos princípios da moda sustentável. “O slow fashion é uma corrente que fortalece a conexão do consumidor com a roupa e os seus designers, incluindo também os valores de comunidade e diversidade. Sendo assim, trata-se de um movimento que valoriza o esmero, a qualidade e o pensamento em longo prazo”, diz o artigo Slow fashion: the answer for a sustainable fashion industry? (Slow fashion: a resposta para uma indústria de moda sustentável?, em tradução livre), produzido por Eleonor Johansson para a Escola Têxtil Sueca da Universidade de Boras, na Suécia - o texto é uma das principais referências em pesquisa científica no segmento. “O projeto, assim como as marcas participantes, tem um 'teto' para seu crescimento. Mais do que crescer em espaço, a intenção é fazer crescer as ideias, os conceitos por trás das peças, além do próprio conceito de moda slow em Pernambuco”, explica a organizadora.

SERVIÇO: Casa Viva
Quando: De 2 de maio a 15 de junho, das 9h às 22h
Onde: Piso L1 do Shopping RioMar (Av. República do Líbano, 251 – Pina)
Quanto: Entrada gratuita
Informações: 3878-0000

Tout Joalheria Artesanal, Vitalina e Gene Handbags estão entre as marcas participantes da Casa Viva. Fotos: Facebook/Reprodução
Tout Joalheria Artesanal, Vitalina e Gene Handbags estão entre as marcas participantes da Casa Viva. Fotos: Facebook/Reprodução


>> PONTOS FORTES

Regional
Estampas e matérias-primas tradicionais do estado são destaque entre as marcas abrigadas pelo projeto. As sandálias e bolsas de couro da Vitalina, por exemplo, se inspiram nos calçados sertanejos e fazem referência ao cangaço. A Tamarinda, por sua vez, propõe o uso de looks praieiros em diferentes ambientes e ocasiões, inspirados no clima tropical do litoral pernambucano.

Minimalista
Entre as peças apresentadas na Casa Viva, o minimalismo é um dos fios condutores das coleções. Além das roupas e acessórios, a proposta minimalista se estende a auadros decorativos, almofadas, agendas, cadernos de anotações. A Tout Joalheria Artesanal, criada pela pernambucana Stephany Passos, é um dos destaques no quesito: as joias, confeccionadas em prata 950 e ouro 18k, propõem visual minimalista, sóbrio e clássico. Os pingentes, anéis e brincos assumem formas geométricas e símbolos universais. 

A pop up itinerante fica no piso L1 do Riomar entre os dias 2 de maio e 15 de junho. Foto: Casa Viva/Divulgação
A pop up itinerante fica no piso L1 do Riomar entre os dias 2 de maio e 15 de junho. Foto: Casa Viva/Divulgação
Sensorial
Para fazer jus à proposta sustentável, uma das principais características da Casa Viva, como o nome sugere, tem sido a “camuflagem” das lojas alugadas com a decoração feita de plantas, paletes de madeira, objetos coloridos, com o intuito de emular o ambiente caseiro. É possível ver, tocar, cheirar, experimentar, o que enriquece a experiência de venda para as marcas – muitas delas criadas e amadurecidas em ambiente virtual. É o caso da marca local Gene Handbags, cujas bolsas são feitas de diferentes texturas, inspiradas no sereismo e no estilo lady like. 

Conceitual
As marcas de pequena escala produtiva têm o conceito como uma das características principais. As coleções têm um mote, um recorte temático que lhes serve de inspiração – livros, filmes, músicas, décadas. A pernambucana Trocando em Miúdos, por exemplo, lançou neste mês a coleção Fale com ela, inspirada na obra do cineasta Pedro Almodóvar. Antes, havia posto nas prateleiras Flores no deserto, coleção que faz referência às obras das artistas Georgia O'Keeffe e Noemi Jaffe.


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