Moda masculina
Gola alta, cores fortes e estilo esportivo são apostas para os homens em 2017
Semana de Moda Masculina de Milão antecipa tendências como contrastes de texturas e épocas, convidando ao equilíbrio entre sofisticação e estilo esportivo
Por: Larissa Lins - Diario de Pernambuco
Por: AFP - Agence France-Presse
Publicado em: 21/04/2017 10:12 Atualizado em: 17/04/2017 15:54
Cores fortes, sobretudo em contraste com preto e azul marinho, cruzaram as passarelas da Semana de Moda Masculina de Milão. Foto: Giuseppe Cacace/AFP Photo |
Marcada pela apresentação de tendências de gigantes como Versace, Fendi, Armani, Prada e Zegna, a Semana de Moda Masculina de Milão, na Itália, esteve sob holofotes nos últimos dias, ditando as principais apostas do segmento para as próximas estações. O equilíbrio sutil entre sofisticação e estilo esportivo bafejou a maior parte dos desfiles: acessórios, calçados e peças do vestuário compuseram equações balanceadas entre a elegância e o despojamento.
A exclusividade da alta costura, porém, manteve-se soberana. Foi fio condutor do desfile da italiana Ermenegildo Zegna, um dos primeiros e mais aguardados do evento, agora com direção artística de Alessandro Sartori. A ideia, estendida da Zegna a outras grifes, prega a produção minuciosa de peças únicas, personalizadas para seus donos. Espelha a tendência do slow fashion - corrente que prega o consumo de menos peças com maior qualidade e produzidas sem a “massificação” das lojas de departamento.
Armani preserveu a exclusividade sem fechar às portas ao novo. Mantendo a tradição de encerrar a Semana, foi o último a apresentar suas criações e se apoiou, como tem feito nos últimos anos, em jovens talentos, escolhendo três novas marcas vindas da Ásia: Yoshio Kubo (Japão), Moto Guo (Malásia) e Consistence (China e Taiwan). As três abriram o desfile da grife italiana. Outros grandes nomes, porém, se ausentaram do evento - Vivienne Westwood, Bottega Veneta, Calvi Klein e Gucci decidiram apresentar simultaneamente suas coleções masculinas e femininas no próximo mês.
A opção de desfile voltado a homens e mulheres é tendência fortalecida nas últimas temporadas, cada vez mais vista, apoiada sobre duas grandes vantagens: maior visibilidade e diminuição dos gastos com os desfiles. Além disso, os selos ganham a chance de contemplar a tendência genderless (sem gênero, cujos looks não se restringem a um gênero exclusivamente, mas funcionam para ambos), cada vez mais fortalecida no meio e aclamada frente às demandas sociais por igualdade entre os gêneros.
Para compensar as faltas na programação, a Semana de Moda Masculina de Milão foi enriquecida com outras grandes marcas como Moschino, Antonio Marras, Frankie Morello e Nº21. Neste ano, o governo italiano aumentou em 45% o valor investido no evento, que passou para 35 milhões de euros contra os 24 milhões de euros de 2016. Isso sustentado pelo fato da moda ser o segundo maior setor industrial da Itália, atrás apenas do mecânico, compondo 35% de toda indústria de moda europeia, uma das principais referências internacionais.
Cores, modelagens, acessórios e traços andróginos se destacaram em Milão. Foto: Giuseppe Cacace/AFP Photo |
>> Clássico dos clássicos
A mais aguardada da Semana de Moda Masculina de Milão, a marca italiana Ermenegildo Zegna marcou o evento com desfile inspirado nos anos 1940 e 1950, misturando os estilos clássico e esportivo. Para sua volta à Zegna como diretor artístico, Alessandro Sartori escolheu o Hangar Bicocca para apresentar sua coleção outono/inverno 2017-2018.
Casacos longos e curtos, ternos e suéteres com capuz dominaram uma coleção multigeracional com modelos de todas as partes do mundo. Os ternos, de casimira, ou de seda, as japonas de nobuk e as jaquetas eram usadas sobre blusas de gola V. À noite, Zegna mostrou um homem de smoking com estampa "jacquard" e zíperes nos tornozelos. Foi o primeiro dos 37 desfiles da Semana de Moda masculina de Milão.
>> Identidade e estilo urbano
A mistura de cores, materiais e até de épocas inspira os estilistas que apresentaram coleções em Milão para a Semana de Moda masculina, marcada pelos contrastes nas roupas para homens e mulheres. Para a primeira coleção masculina da carreira de Cedric Charlier, estilista belga de 38 anos, o mundo do pintor abstrato Kasimir Malevich foi inspiração.
"Acredito que suas obras de arte, cheias de geometrias e cores cromáticas, fazem parte da minha linguagem", reconheceu ao conversar com a imprensa. "De um armário clássico passei para a roupa esportiva e, no sentido contrário, da roupa esportiva passo para um estilo sofisticado", confessou. Em seu desfile, as cores brilhantes são usadas com valentia, como a jaqueta azul marinho, as calças amarelo-limão e os casacos laranja na frente e preto atrás.
As golas altas, a sobreposição de peças, a mistura de tecidos e os casacos longos também foram tendências na temporada. Fotos: AFP Photos |
Já a marca dinamarquesa Wood Wood busou inspiração para sua coleção de outono-inverno 2017/2018 no estilo das ruas de Nova York durante a década de 1990, com uma estética moderna. Os fundadores, Karl-Oskar Olsen e Brian Jensen, que começaram a trabalhar na época do hip-hop, homenageiam esse período combinando roupas de trabalho e de esportes, com um toque mais contemporâneo. O tema "navy" permeia toda a colação, que, além do estilo marinheiro, propõe japonas de aviador, suéteres e camisas de flanela.
O jovem designer chinês Miaoran, por sua vez, convidado pela Câmara Nacional de Moda Italiana (CNMI) e que completa 30 anos este ano, apresentou uma coleção focada no conceito de identidade. "A roupa que uso me representa?" é a pergunta que inspira seus desfiles. Por isso, deu forma a todo tipo de casaco e jaqueta através de diferentes materiais que incluem a lã Casentino em veludo brilhante. Para Miaoran, os acessórios-chave do próximo inverno serão meias de jacquard, gorros e mochilas.
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