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Conheça o pernambucano que faz sucesso correndo de costas: ''É gratificante ver as crianças correndo de costas''

Venturosense Eduardo Lima de Oliveira, conhecido como Galeguinho Corredor, superou a frustração por não seguir carreira no atletismo criando a própria maneira de se tornar um campeão

Publicado em: 14/04/2025 15:37 | Atualizado em: 14/04/2025 17:04

Galeguinho realiza treinos de duas horas, seis vezes por semana. (Rafael Cruz/cortesia)
Galeguinho realiza treinos de duas horas, seis vezes por semana. (Rafael Cruz/cortesia)


“O segredo é olhar pra frente”. Aos 28 anos, Eduardo Lima de Oliveira, conhecido como Galeguinho Corredor, diz que é possível vencer qualquer corrida se movendo de costas com muito treinamento e concentração no percurso. “Eu miro no chão para não desviar nem para um lado, nem para o outro”, ensina. 

Natural de Venturosa, no Agreste de Pernambuco, ele superou a frustração por não seguir carreira no atletismo criando a própria maneira de se tornar um campeão. Treinando duas horas em seis dias de cada semana, Galeguinho é constantemente desafiado por pessoas de toda a região, mas garante que nunca perdeu uma corrida. 

A primeira aposta aconteceu quando ele tinha apenas 14 anos, no Sítio Ouro Branco, onde ainda mora com sua mãe. “Sempre gostei de esporte, desde criança. Aí um cara chegou e disse que ia apostar em mim para eu correr de costas contra outro cara. Eu nunca tinha corrido. Aceitei e ganhei”, lembra. Com o valor, Galeguinho comprou alguns lanches e celebrou a vitória ao lado dos pais e da irmã.

 “Nossa vida sempre foi um pouco difícil, mas nunca passei necessidade. Somos muito unidos, graças a Deus”, acrescenta. 

Funcionário de uma fábrica local de queijos, ele conta que tinha o sonho de se tornar um atleta profissional, o qual não conseguiu realizar pela falta de estrutura e treinamento adequado. 

“Desde aquele dia, nunca mais parei de treinar, no sítio mesmo. Aqui perto da minha casa tem um local que é areado, bom para praticar. No começo, eu cheguei a levar algumas quedas, mas como caía na areia, não me machucava”, lembra. 

As habilidades chamaram a atenção de pessoas de toda a região e, com as redes sociais, vídeos das corridas passaram a despertar curiosidade também na internet. Nas imagens, Galeguinho impressiona pela habilidade e destreza diante dos concorrentes, largando inclusive atrás de alguns deles.

 “Outros que me dão uma ‘metragenzinha’ de 10 metros ou 15 metros, depende da pessoa. De costas, faço 100 metros abaixo de 14 segundos e 200 metros abaixo dos 30 segundos”, orgulha-se. 

As constantes vitórias têm feito a diferença no orçamento familiar do corredor, que também divide a rotina de treinamentos com a carreira de cantor, através da qual tem animado vaquejadas da região ao som do forró.

 “É muita gente que aposta corrida, sabe? Geralmente colocam por volta de R$ 5 mil, aí não entro com tudo. Meus colegas colocam uma parte do dinheiro e fico com uma parte do valor quando ganho. Agora há pouco, investi um pouco em mim, comprando uns sapatos e ajeitando meu carrinho”, acrescenta.

Exemplo

O peculiar talento de Galeguinho também despertou o interesse do velocista Heitor Diniz, campeão brasileiro de atletismo, que o treina há dois anos. “A gente mora pertinho um do outro, nos conhecemos há dez anos. Tivemos que estudar bastante para montar um treino, porque a corrida dele exige muito da parte posterior, mas deu certo. Passei os treinos e ele deu continuidade”, explica Heitor. 

Agora, com a ajuda do treinador, Galeguinho se prepara para a mais importante corrida de sua trajetória como velocista. Nas redes sociais, ele foi desafiado pelo velocista potiguar Hygor Gabriel, que representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024. Contra o pernambucano, o atleta prometeu também correr de costas. 

“A gente ainda não fechou a data, mas já tem quase um milhão de pessoas esperando esse desafio. Ave maria, o povo aqui de Venturosa disse que vai ajeitar até o campo para a gente correr. Acho que a torcida aqui vai ser grande”, comemora. 

Para o Galeguinho, o maior reconhecimento pela rígida rotina de treinamentos tem vindo das ruas da terra natal. “É gratificante ver as crianças correndo de costas. Uns chamando os outros de Galeguinho. Uma emoção muito grande”, conclui.

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