O rendimento médio mensal real da população pernambucana com fontes de renda apresenta ainda uma disparidade em relação ao da população do Brasil. Enquanto no país o valor chegou a R$ 3.057, no estado esse valor ainda é de R$ 2.221, ficando em 19º lugar no ranking entre os 27 estados mais o Distrito Federal. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quinta-feira (8).
Ainda segundo o estudo, o trabalho habitual é a principal fonte de rendimento no país, com 47% da população. Já em Pernambuco esse percentual chegou a 39,6%. O único caso em que o estado supera a média nacional é no rendimento proveniente de aluguel e arrendamento. No país, a média foi de R$ 2.159, enquanto em Pernambuco a média foi de R$ 2.234.
Segundo o economista Sandro Prado, os dados refletem fatores estruturais da formação econômica do Nordeste. “Pernambuco desenvolveu-se sob uma base econômica concentrada na agroindústria açucareira e, posteriormente, em setores de baixo valor agregado e baixa complexidade tecnológica. Apesar dos avanços industriais no Complexo Portuário de Suape e dos polos de tecnologia, a economia estadual ainda depende fortemente do setor de serviços de baixa produtividade”, destacou. De acordo com ele, essa dependência do estado é algo que acaba limitando a geração de empregos com maior remuneração.
Qualificação do trabalhador pernambucano ainda é inferior
Outro ponto levantado por Sandro Prado é o déficit histórico de capital humano. “A qualificação da força de trabalho pernambucana ainda é inferior à média nacional, restringindo o acesso a ocupações mais complexas e melhor remuneradas. Além disso, a concentração de oportunidades econômicas na Região Metropolitana do Recife, contrastam com o interior, onde a economia rural e os serviços de baixa produtividade predominam”, apontou.
Concentração de renda
Em relação ao índice de Gini - indicador que mede a concentração de renda da população, que vai de 0 a 1 (quanto mais próximo de 1, maior a concentração de renda) - o Brasil registrou 0,506, enquanto no Nordeste o número foi levemente menor: 0,502. Pernambuco obteve o segundo pior indicador (0,532), atrás apenas do Distrito Federal (0,547).
O economista explica que esse dado confirma um fenômeno estrutural do Nordeste que é a disparidade da concentração de renda. “Ela aumenta a desigualdade de acesso a bens e oportunidades, alimentando ciclos de pobreza, o que fragiliza a capacidade de expansão do mercado consumidor interno. As economias com renda mais distribuída e mercados internos mais robustos, estimulam o investimento e o dinamismo econômico”, afirmou Sandro.
Para ele, uma solução estratégica para o crescimento sustentável de Pernambuco é a redução da concentração de renda. Uma alternativa para isso seria a adoção de políticas públicas que promovam a inclusão produtiva e o fortalecimento de micro e pequenas empresas. Além do investimento em educação e melhoria das condições de trabalho.