Clouds30° / 30° C

Economia

Transnordestina: obras do trecho pernambucano devem ser concluídas somente em 2029

Apenas 38% do serviço foram finalizadas pela TLSA, empresa que estava à frente da obra até 2022

Publicado em: 02/04/2025 21:42 | Atualizado em: 03/04/2025 00:12

 (Foto: Thatiany Lucena/DP)
Foto: Thatiany Lucena/DP
O trecho pernambucano da Transnordestina, de Salgueiro até Suape, tem apenas 38% da sua extensão concluída pela TLSA. O dado foi reforçado nesta nesta quarta-feira (2) pela Infra S.A., estatal responsável pela execução da ferrovia em Pernambuco, durante o evento “Diálogos do Desenvolvimento: Transnordestina e Pernambuco”, realizado na sede da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), no Recife. A expectativa é de que a obra seja finalizada em 2029. 

Durante a reunião, que contou com a participação dos secretários nacionais e autoridades locais, o representante da Infra S.A., André Luis Ludolfo, explicou por meio de apresentação remota, que a parte já concluída da ferrovia compreende os trechos SPS 1, 2 e 3, representam 38% da extensão total da Transnordestina em Pernambuco, com o total 544 km de extensão. O primeiro, que vai de Salgueiro até São José do Belmonte tem 65 km, o segundo, corresponde ao trecho que vai até Serra Talhada (54 km) e o último, com 60km, até o município de Custódia. 

Para dar andamento ao destravamento das obras da ferrovia, dois lotes serão licitados ainda no segundo semestre de 2025 pela Infra S.A. São eles o SPS 4, que tem uma extensão de 73 km e liga Custódia a Arcoverde, e o SPS7 que se estende por 53 km, de Cachoeirinha a Belém de Maria. Segundo a Infra S.A., a expectativa é de que a extensão total entre Salgueiro-Suape custe mais de R$ 3,5 bilhões. 

O Secretário Nacional de Fundos e Instrumentos Financeiros do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, Eduardo Tavares, afirmou que o desafio maior do governo federal para o trecho pernambucano é realizar os estudos para viabilizar a nova concessão. “A ideia do governo é federal é implantar por meio de aporte de obra pública, até o limite em que a gente possa atrair um concessionário privado para poder financiar e acelerar essa agenda, como estamos fazendo também com o trecho Pecém. A mesma estratégia de financiamento via fundos constitucionais, fundos de desenvolvimento, benefícios, incentivos e outros mecanismos de de estímulo vão estar disponíveis também para essa nova modelagem ”, disse. Ainda segundo ele, a atração de investimentos privados podem acelerar as obras da ferrovia. 

O presidente da Sudene, Danilo Cabral, reforçou que o objetivo da iniciativa é abrir um canal para reforçar o diálogo entre os setores e garantir que o debate em torno da obra da transnordestina em Pernambuco, tida como prioridade do governo Lula, se materialize. “A gente sabe que esse trecho de Pernambuco, lá atrás, foi extraído do processo original da concessão, mas tão logo que o presidente assumiu o governo houve a decisão de retomada para que a gente pudesse fazer a execução integral da Transnordestina”, disse Danilo.

Evento “Diálogos do Desenvolvimento: Transnordestina e Pernambuco” também contou com as participações do Secretário Nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Cezar Ribeiro, vinculado ao Ministério dos Transportes; do secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Guilherme Cavalcanti e do deputado estadual João Paulo (PT). Também marcaram presença no diálogo, a economista e professora Tânia Bacelar e Rodrigo Aguiar, representando o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Histórico

Em Pernambuco, a Transnordestina Logística S/A (TLSA), empresa que também é controlada pela CSN e faz parte do mesmo grupo da FTL, ficou responsável pela construção do trecho da ferrovia entre Salgueiro, no Sertão do estado, e o Porto de Suape, no Grande Recife.

Após consumir R$ 6,2 bilhões só ter 181 da extensão completa da ferrovia em Pernambuco, a empresa alegou inviabilidade financeira e pediu a exclusão do ramal, que era inicialmente previsto, mantendo apenas as obras até o Porto de Pecém, no Ceará.

Em 2022, o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou a exclusão de Pernambuco do projeto, em acórdão relatado pelo ministro Walton Alencar, decano da Corte. A mudança foi oficializada em um novo contrato, assinado pela gestão Jair Bolsonaro (PL), em dezembro de 2022.

O episódio ganhou repercussão na política estadual. No governo Lula, o trecho Pernambucano da ferrovia foi reinserido no programa. As obras do trecho Salgueiro-Suape foram iniciadas em 2006 e desde 2016 estão paralisadas.

Mais notícias

Acompanhe o Diario de Pernambuco no WhatsApp
Acompanhe as notícias da Xinhua