O custo da cesta básica na capital pernambucana teve a maior alta do país em fevereiro, com variação mensal de 4,44%. No período, entre as 17 capitais brasileiras pesquisadas, 14 registraram alta. Os dados divulgados, nesta segunda-feira (10), são da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Apesar de ter o maior aumento do país, a cesta ainda é a segunda mais barata entre as cidades brasileiras analisadas, atrás de Aracaju (R$ 580,45).
Segundo a economista Juliana Benevides, essa alta já era esperada para fevereiro, e foi um reflexo do impacto do aumento do preço dos alimentos, que subiu 55%, entre 2020 até meados de dezembro de 2024. De acordo com ela, nesse mesmo período, o Índice de Preço Consumidor Amplo (IPCA), indicador que mede a inflação do país, aumentou 33%, e isso mostra que os alimentos não estão vencendo a inflação.
Juliana aponta ainda que a elevação dos preços dos alimentos também foi reflexo do fator climático. “A situação acontece devido a uma questão de safra prejudicada, que afetam a produção dos alimentos e deixam os produtores limitados. Com a oferta reduzida, os preços acabam sendo impactados.”
Outro ponto destacado pela economista é a alta do dólar, que também gera a instabilidade econômica, que faz com que os empresários invistam menos no país. Juliana aponta ainda que, diante do aumento constante da cesta básica, a tendência é que o Governo continue com iniciativas, na tentativa de conter o aumento dos preços. “O Governo Federal já vem trazendo as políticas de redução de impostos, porque o salário mínimo não está compensando o aumento em termos reais, porque os alimentos estão ficando cada vez mais caros. Então, não está compensando o aumento real que o salário mínimo teve em relação ao preço dos alimentos”, ressalta.
De acordo com a economista, a expectativa para a recuperação dessa situação é positiva, mas para que fatores como a questão da safra sejam sanados, será necessário pelo menos um ano para que a economia comece a dar sinais de melhora. Recentemente o Governo Federal anunciou, entre outras medidas, que o Plano Safra dará maior prioridade para os alimentos da cesta básica, com o maior estímulo ao abastecimento do mercado interno pelos produtores rurais.
A pesquisa do Dieese mostra que o valor da cesta básica do Recife em fevereiro de 2025 totalizou R$ 625,33, o que representou um aumento de +4,44% em relação ao mês anterior (janeiro/2025), ou seja, uma elevação de R$ 26,61. No bimestre, a variação foi de 6,29%, aumento de R$ 36,98. Comparado a fevereiro/24, o custo da cesta básica subiu 11,73%, o que correspondeu a acréscimo de R$ 65,65.
VARIAÇÃO DO PREÇO DOS ALIMENTOS NO RECIFE
De acordo com o levantamento do Dieese, entre janeiro e fevereiro deste ano, nove dos doze produtos que fazem parte da cesta do Recife tiveram redução no preço médio, entre eles, o feijão (-5,15%), o leite (-2,50%), a manteiga (-1,93%), o óleo de soja (-1,60%), o açúcar (-1,56%), o arroz (-1,05%), a farinha de mandioca (-1,01%), a carne (-0,89%) e a banana (-0,69%). Já os alimentos que apresentaram elevação de preço foram o tomate ( 44,52%), o café ( 9,25%) e o pão francês ( 1,70%).
A pesquisa revela que, em fevereiro de 2025, o trabalhador recifense remunerado pelo salário mínimo, comprometeu 90 horas e 38 minutos da jornada mensal para adquirir os alimentos essenciais, três horas e cinquenta e dois minutos a mais que o tempo registrado em janeiro de 2025, quando ficou em 86 horas e 46 minutos. De acordo com a Dieese, em fevereiro de 2024, o tempo comprometido foi de 87 horas e 12 minutos, três horas e vinte e seis minutos a menos que o observado no mês em análise.