![(Fotos: Elvis Aleluia (Ascom/Sudene)) (Fotos: Elvis Aleluia (Ascom/Sudene))]() |
Fotos: Elvis Aleluia (Ascom/Sudene) |
Para enfrentar o déficit de infraestrutura de saneamento básico no Nordeste, a Sudene realizou, ontem, uma reunião do Comitê Regional das Instituições Financeiras Federais (Coriff). O evento teve como objetivo debater o acesso a linhas de crédito que viabilizem projetos de abastecimento de água, esgotamento sanitário e manejo de resíduos sólidos na região, que precisa captar R$ 274 bilhões para viabilizar a universalização dos serviços, a melhoria dos sistemas e outras intervenções. Desse total, Pernambuco precisa de investimentos na ordem de R$ 35 bilhões.
A partir de agora, os participantes do comitê farão um mapeamento das demandas de saneamento de cada estado da área da Sudene, apontando as principais necessidades para agilizar o acesso ao crédito. Por outro lado, os agentes financeiros devem levantar estratégias que facilitem a concessão de financiamentos, priorizando projetos de interesse público e que promovam o desenvolvimento regional.
O superintendente da Sudene, Danilo Cabral, ressaltou a importância do saneamento como motor de desenvolvimento econômico e social. “Temos um conjunto de desafios na região para alcançar as metas do Plano Nacional de Saneamento Básico até 2033. Por isso, a Sudene cria este ambiente de diálogo, ouvindo tanto quem deseja empreender no setor quanto as instituições estaduais que atuam na oferta de serviços", comentou. Ele também destacou que os investimentos em saneamento refletem diretamente na saúde pública, competitividade econômica e dignidade da população do Nordeste.
Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) apontam a urgência de investimentos no setor de saneamento no Nordeste. Na região, somente 34,3% do esgoto gerado é tratado, e menos de um terço das residências (31,4%) está conectado à rede de esgoto. Além disso, apenas 11,4% dos municípios fazem coleta seletiva de resíduos sólidos, e cerca de 28,8% dos resíduos ainda são destinados a lixões, situação que agrava os danos ambientais.
De acordo com o painel de investimentos em saneamento do Ministério das Cidades, o montante de R$ 274 bilhões que o Nordeste precisa captar servirão para viabilizar a universalização dos serviços, a melhoria dos sistemas e outras intervenções. A maior parte dos investimentos está voltada para ações de drenagem, que somam R$ 96,97 bilhões; esgotamento sanitário (R$ 85,59 bilhões); abastecimento de água (R$ 69,55 bilhões) e coleta e tratamento de resíduos sólidos urbanos (R$ 22,07 bilhões). Esses dados foram detalhados pelo secretário executivo da Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe), Sérgio Antônio Gonçalves.
Já o valor de R$ 35 bilhões em investimentos que Pernambuco necessita, segundo o presidente da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), Alex Campos, serão para universalizar o saneamento básico, incluindo todos os tipos de serviços agregados de saneamento. O encontro também reuniu bancos federais e concessionárias estaduais, além da Funasa.
Complexidade geográfica
“Os desafios no Nordeste são ainda mais complexos, demandando soluções de engenharia que considerem a geografia do semiárido e outras especificidades dos estados da Região. Além disso, é necessário reduzir os prazos de análise de projetos pelos agentes financeiros, estabelecer juros mais competitivos e adequar as taxas às diferentes situações econômicas e sociais dos contribuintes”, comentou o representante da Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe).
O presidente da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern), Roberto Linhares, reforçou os altos custos de manutenção dos sistemas devido às peculiaridades geográficas da Região. Já o presidente da Compesa, Alex Campos, mencionou a necessidade de superar os entraves burocráticos para viabilizar investimentos, fortalecendo assim a capacidade de decisão e explorar novas oportunidades de negócios no setor.
Também presente na reunião, o representante do Consórcio Nordeste, Pedro Lima, destacou a importância de acelerar o acesso a financiamentos que possibilitem parcerias público-privadas e outros modelos de financiamento para projetos de saneamento.
Bancos devem fortalecer a agenda
A diretora de crédito digital para micro, pequenas e médias empresas MPMEs do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Maria Fernanda Coelho, reforçou o compromisso do banco em apoiar projetos de interesse público. “Estamos nos dedicando a estruturar linhas de financiamento com foco nas especificidades regionais, e o saneamento é uma prioridade. Sabemos da importância desse setor para a saúde e qualidade de vida das pessoas, sendo uma intervenção estruturante para que outras políticas públicas se consolidem”, disse. Em 2024, o BNDES destinou R$ 32 bilhões para projetos de saneamento.
Já o superintendente de Políticas de Desenvolvimento Sustentável do Banco do Nordeste (BNB), Irenaldo Rubens Soares, também se comprometeu a revisar os processos e exigências contratuais para dar mais agilidade às contratações. Entre 2023 e 2024, o BNB contratou R$ 4,3 bilhões em recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) para projetos do setor.