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Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil |
O Recife continua sendo uma das cidades com os aluguéis para moradia mais caros do Brasil e o mais alto do Nordeste. De acordo com a última pesquisa da Fipe/Zap, divulgada em fevereiro de 2025, a capital pernambucana, em 12 meses, acumulou uma alta nos preços cobrados pela locação residencial de 14,86%, alcançando o preço médio de R$ 56,67/m², atrás apenas da cidade de São Paulo (R$ 59,19/m²).
Um dos motivos para o aquecimento do preço da locação de imóveis no país é a alta da taxa Selic, que chegou a 14,25% ao ano. No Brasil, nos últimos 12 meses, o valor do aluguel de imóvel teve um aumento médio de 12,92% acima da inflação oficial (IPCA). De acordo com Ricardo Moreira, CEO da Arigic Incorporação e Construção, por já ter sido prevista desde 2024 pelo Banco Central, os reajustes de taxas no mercado do setor já vêm acontecendo desde o ano passado, tanto para o financiamento bancário, quanto para a locação. Contudo, com a última elevação da Selic, a tendência é que o valor dos aluguéis continuem altos.
Segundo Ricardo Moreira, com essa alta, termina sendo mais vantajosa a oportunidade de compra. “Os juros acabaram não subindo tanto, isso gera uma oportunidade de compra para o investidor que pode comprar o imóvel para alugar. Isso acaba trazendo mais rentabilidade para o investidor e também para quem deseja morar. Se for comparar o valor do aluguel com a parcela do banco está praticamente igual”, disse. Ainda segundo ele, a desvantagem é que o aluguel vai aumentando todo ano, enquanto o banco permanece com parcelas iguais ou até menores ao longo do tempo.
Ainda de acordo com o CEO da Arigic Incorporação e Construção, o mercado imobiliário do Recife tem uma particularidade, pois apesar de ter apresentado uma elevação dos preços do aluguel, os preços para venda subiram menos que o resto do país. “Hoje o valor do imóvel está barato em comparação ao preço do aluguel que está sendo cobrado”, disse. Segundo o Fipe/Zap, nos últimos 12 meses, o preço de venda para imóvel subiu 5,05%, com o preço médio de R$ 8.082/m².
Impacto indireto no Minha Casa, Minha Vida
De acordo com o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-PE), Rafael Simões, a elevação da taxa Selic não impacta diretamente no Minha Casa, Minha Vida, pois as taxas do programa são fixadas e não sofrem com o aumento da Selic.
Porém, segundo o presidente da Ademi-PE, indiretamente existe um risco porque os juros estão altos para conter inflação alta. “Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) precisa garantir a remuneração dos cotistas pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Então, se a inflação sobe muito, o fundo vai precisar de recursos extras e, possivelmente, deve utilizar seu patrimônio líquido”, afirma.
Ainda de acordo com ele, diante da alta da inflação, o fundo corre o risco de precisar reduzir o orçamento anual do programa para poder honrar a obrigação de remunerar os cotistas pela inflação. Caso esse cenário ocorra, a capacidade do fundo financiar a moradia seria reduzida, diminuindo o acesso das famílias aos recursos subsidiados do MCMV.
Se tratando do mercado imobiliário além do MCMV, Rafael Simões aponta que o impacto é mais sentido na classe média, que recorre ao financiamento bancário para adquirir a casa própria. “Já os imóveis de luxo devem ter um impacto menor, porque possuem uma dinâmica muito própria, não sendo o financiamento bancário o método mais comum”, analisa.